DEUS SALVE A MPB –
Deus salve a Música Popular Brasileira. Já não se compõem mais letras calcadas no absoluto fascínio pela vida, plasmadas no sentimento puro e singelo da espontaneidade poética. Pouquíssimas são as exceções. A cultura brasileira na arte musical nunca esteve tão capenga e medíocre.
Existe uma perigosa alienação cultural, onde tudo faz crer que a cuca da juventude se fundiu mesmo. Atingimos o “troglodismo” musical, que é aquela fase que precede o final dos tempos, dos séculos, dos milênios e o início da barbárie. Assim aconteceu com as civilizações ocidentais de alguns continentes. Surge o homem macaco, compositor e artista da safra dos tiriricas cujas composições não devemos deixar que exprimam a verdadeira paisagem musical, cultural, do nosso país. Predomina, também, a letra, a moral acanalhada e zoológica de compositores que exploram a nossa ingenuidade popular marginalizada do processo cultural brasileiro. Assim como muitos políticos, os compositores e artistas nacionais acreditam que devem permanecer medíocres para serem populares. São inaceitáveis os rótulos que convalidem baboseiras. Tudo isso que está aí é imoralismo mesmo.
A composição para ser imortal ou bela e simples, não pode perder o caráter, a dignidade, a larga esperança de mundo mais decente. Mas, o processo de massificação detonado pela televisão, a radiofonia e a internet é massacrante. E por trás de tudo isso, existe um poderosíssimo cartel, tão forte e convincente quanto as drogas, pois é o próprio Poder Público que paga e incentiva. E essa droga de música corrompe, aliena e macaquiza o brasileiro. Tempos infelizes esses, de educação castrada, universidades falidas, onde a mestra da vida é a música pífia do funk pornográfico, do sertanejo que só fala em bebedeira e chifre, fora os outros ritmos e um bando infinito de oportunistas gananciosos e espertos.
Valério Mesquita – Escritor, [email protected]
