João Batista Soares de Lima
Afora os que se dizem ateus, todas as pessoas, de uma forma ou de outra, creem em Deus. E para nós cristãos, isto é ponto pacífico.
Para mim, no entanto, da mesma forma que devemos “Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo”, também deveríamos “Crer em Deus sobre tudo e todos e crer em si mesmo como Sua imagem e semelhança real”. E isto não é nenhuma heresia, mas tem total respaldo na Bíblia Sagrada.
Disse Deus: “Façamos o homem à nossa imagem, conforme à nossa semelhança” (Gênesis 1:26); mais adiante, Deus reconhece: “Agora o homem se tornou como um de nós, conhecendo o bem e o mal” (Gênesis 3:22). Já aqui, vemos a natureza divina do homem! Ele se tornou consciente do ser que É, e despertou o seu livre-arbítrio.
Depois, Deus fala assim a Moisés: “Vê que te constitui como Deus sobre Faraó, e Arão, teu irmão, será teu profeta” (Êxodo 7:1). Poderíamos citar vários versículos do Velho Testamento aonde Deus deixa claro Sua paternidade para com o gênero humano.
No Novo Testamento, então, essa visão da natureza divina do homem fica ainda mais evidente. Vejamos:
“Portanto, sejam perfeitos como perfeito é o Pai Celestial de vocês” (Mateus 5:48); “Os quais não nasceram por descendência natural, nem pela vontade da carne nem pela vontade de algum homem, mas nasceram de Deus” (João 1:13). Para àqueles que ainda duvidam, lembro esta passagem: “Digo-lhes a verdade: Aquele que crê em mim fará também as obras que tenho realizado. Fará coisas ainda maiores do que estas, porque eu estou indo para o Pai” (14:12).
Quando concebermos o ser que somos, encontrarmo-nos com nós mesmos, acontecerá o que Jesus predisse: “Naquele dia compreenderão que estou em meu Pai, vocês em mim, e eu em vocês” (João 14:20); e ainda: “Respondeu Jesus: ‘Se alguém me ama, guardará a minha palavra. Meu Pai o amará, nós viremos a ele e faremos nele morada” (João 14:23). A paternidade de Deus em relação a nós está explícita nas palavras de Jesus, quando diz: “Não me segure, pois ainda não voltei para o Pai. Vá, porém, a meus irmãos e diga-lhes: Estou voltando para meu Pai e Pai de vocês, para meu Deus e Deus de vocês” (João 20:17).
Evidente que isto não se realiza no homem apenas com retórica, faz-se necessário conceber e viver os ensinamentos de Jesus, assim como o fez Estevão (Atos 6:15; 7:56), por exemplo.
O Apóstolo Paulo, havendo concebido esta verdade, concluiu: “Se somos filhos, então somos herdeiros, herdeiros de Deus e co-herdeiros com Cristo, se de fato participamos dos seus sofrimentos, para que também participemos da sua glória” (Romanos 8:17). E Paulo vê ainda mais profundamente, quando diz: “Mas aquele que se une ao Senhor é um espírito com ele” (1 Coríntios 6:17). Aqui Paulo está falando da unidade da vida; há uma só Vida, um só Espírito. Leiam, ainda: 1 Coríntios 12:27 e 13:10; 2 Coríntios 4:18; 2 Pedro 1:4; Gálatas 2:20 e 5:16-17; Colossenses 3:11; hebreus 8:11; 1João 3:1-3. Todas essas passagens bíblicas falam claramente da natureza divina do homem, seu vínculo filial com Deus, e o caminho que devemos seguir.
Às vezes, para justiçar nossos falhas (pecados), dizemos: “nós somos humanos!” Será que não devêssemos dizer: “Nós NÃO SOMOS humanos, nós ESTAMOS humanos; NÓS SOMOS DIVINOS – esta é a nossa verdadeira natureza, pois fomos criados à imagem e semelhança de Deus?
A primeira conseqüência de sentir-se humano, é sentir-se limitado. Só deveríamos nos sentir humanos quando desejássemos nos colocar no lugar do outro, para compreendê-lo), para sentir a situação do outro, para ajudá-lo; ou, por outro lado, para compreender a si mesmo, soerguer-se e avançar; porém, sempre conscientes do ser que somos, da vida que somos, e do Pai que temos!
João Batista Soares de Lima – Ex-secretario de Tributação do RN e membro do Movimento Cristão
