O PROBLEMA NÃO É O PREÇO DO DIESEL –
Segundo cálculos da Consultoria A.C.Pastore & Associados, o movimento de caminhões nas estradas brasileiras é hoje 26% inferior ao registrado entre 2003 e 2007. Devendo-se esta queda ao colapso da demanda por frete, consequente da recessão, associado ao crescimento da frota, estimulado por empréstimos subsidiados pelo governo ao transporte de carga.
Tanto é que a queda na atividade tem levado as empresas de transporte a demitirem após forte expansão de mão-de-obra. Se no período de 2003 a 2014 o estoque de vagas cresceu de 416 mil para 949 mil – representando quase o dobro de crescimento no mercado formal -, entre 2014 e 2016 verificou-se a redução de 72 mil vagas, sendo a oitava profissão que mais eliminou postos de trabalho, parte dos profissionais passando a atuar no mercado informal ou por conta própria.
Isso ajuda a explicar a grande adesão de motoristas às paralisações contrárias ao reajuste do preço do óleo diesel. Diante do que, além do governo não ter conseguido se antecipar à crise, adotou – salvo melhor juízo – medidas que não resolverão o real problema que é a falta de demanda por frete, voltando-se para a redução do preço do óleo diesel, que apenas em parte vai para os caminhoneiros. De vez que vai terminar também em outros tipos e modalidades de transporte e até em carros de luxo.
Quem sabe se para atravessar a crise não fosse preferível terem sido adotadas outras medidas, inclusive com a criação de seguro-desemprego para o segmento, possivelmente a custo mais reduzido. Sem falar que a solução adotada implica no aumento tributário ou eliminação de desoneração de outros segmentos onde poderão eclodir outras crises, o
que poderá ocasionar novas ocupações das rodovias ou até mesmo das vias urbanas.
Alcimar de Almeida Silva, Advogado, Economista, Consultor Fiscal e Tributário.
