1- O Presidente Jair Bolsonaro chegou ontem (31) a Israel, onde foi muito bem recebido pelo Primeiro Ministro israelense, Benjamin Netanyahu e sua esposa Sarah. Por sinal, por todos esses anos que Netanyahu ocupa o cargo de Primeiro Ministro, está é apenas a quinta vez que ele vai receber uma autoridade de outro país no aeroporto. O primeiro foi o então presidente norte-americano, Barak Obama; posteriormente o atual presidente dos EUA, Donald Trump; o Papa Francisco e por último, o presidente da Índia, Ram Nath Kovind. Quando o presidente brasileiro chegou exatamente na hora em que o Hamas atacou Israel na Faixa de Gaza, alguém brincou com Bolsonaro, dizendo que não se tratava de uma salva de tiros para homenageá-lo. Como não poderia deixar de ser, a agenda do político brasileiro está lotada, na manhã desta segunda-feira (1º) Ele visitará a unidade de contraterrorismo, na polícia israelense, onde deverá acompanhar uma demonstração prática de ações executadas pela divisão de segurança. A tarde o presidente brasileiro deverá visitar a equipe de resgate das forças israelenses que ajudou no resgate das vítimas da tragédia de Brumadinho (MG). Por último ele irá ao Muro das Lamentações, um dos locais mais sagrados do judaísmo. Este último ponto de visitação causará muita polêmica no mundo todo, pois desde a criação do Estado de Israel, nunca nenhuma autoridade internacional visitou juntamente com o Primeiro Ministro de Israel ao local sagrado, uma vez que é um assunto muito sensível, a disputa do território de Jerusalém, entre os Palestinos e Israelenses. Para colocar mais fogo na fogueira, foi anunciado que o Brasil decidiu estabelecer um escritório em Jerusalém, para a promoção do comércio, investimento, tecnologia e inovação. O pronunciamento da implantação do escritório foi feito na residência oficial do Primeiro Ministro, Benjamin Netanyahu. Netanyahu agradeceu a iniciativa, mas não escondeu que ele queria mais, dizendo que é o primeiro passo para abertura de que um dia a embaixada do Brasil se deslocar de Tel Aviv para Jerusalém. Bolsonaro se omitiu da mudança de endereço da embaixada, mas aproveitando para alfinetar o governo que os antecederam. “Estávamos separados porque algum tempo, tendo em vista um governo ideologicamente de esquerda, mas que graças a Deus, nossas origens, falaram mais alto”. O líder de Estado brasileiro concluiu dizendo que o povo entendeu que o destino do Brasil deveria ser mudado, contra muita coisa, mas tendo Deus ao seu lado ele conseguiu a vitória.

2- A grande aproximação de Israel com o Brasil trouxe a condenação da autoridade palestina sobre  a decisão do governo brasileiro em abrir o escritório comercial em Jerusalém. A Palestina já anunciou que vai chamar o seu embaixador no Brasil de volta, para consultas. Como sabemos, a abertura do escritório é uma saída diplomática para o embate para embaraço gerado com países árabes, após Bolsonaro, logo após ter sido eleito, ter se manifestado publicamente que iria mudar o endereço da embaixada brasileira de Tel Aviv para Jerusalém, a exemplo do que fez o presidente norte-americano, Donald Trump. Após ouvir as ponderações da ala militar de seu governo e de ruralistas, o presidente brasileiro mudou de ideia, visto que a medida poderia gerar um prejuízo milionário para a economia brasileira. O receito é de retaliação comercial de países árabes que são grande compradores de carne bovina e frango do Brasil. Ainda no comunicado palestino, o Ministério do Exterior da Autoridade Palestina classificou a decisão brasileira como flagrante violação de legitimidade internacional e suas resoluções uma agressão direta ao povo e seus direitos. Quem não está nada satisfeito com a visita de Bolsonaro a Israel é a oposição de Netanyahu, que acusa o Primeiro Ministro de usar a visita do presidente brasileiro para fins políticos e abafar o escândalo de corrupção em que ele está envolvido. As eleições israelenses serão no dia 9 de abril, inclusive tudo indica que o seu opositor vença as eleições.

 

Mário Roberto Melo – (Correspondente do Blog Ponto de Vista, em Tel Aviv, Israel)

 

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