1 – A guerra na Síria vem sendo chamada pela mídia internacional de “mini-guerra mundial”. Isso porque vários países estão envolvidos em defender seus interesses naquela região. Lá estão combatendo os soldados do governo sírio; os rebeldes contrários ao governo de Al-Assad; os turcos que são contra os curdos; os russos, que apoiam o presidente Assad; os Estados Unidos, a França e a Inglaterra, que apoiam os rebeldes. Com isso, já ocorreu a morte de cerca de 300 mil pessoas. A ONU parou de contar quando esse total ultrapassou os 250 mil. Na quinta feira, após um intenso bombardeio, a imagem de um menino coberto de sangue e muita poeira, resgatado de um prédio bombardeado em Alepo, se tornou realmente o símbolo do sofrimento humano nesse terrível conflito, que já dura mais de cinco anos. Estima-se que perto de 100 mil crianças nascidas no inicio da guerra, não sabem o que é a vida normal, inclusive o canto de pássaros. A única coisa que eles escutam são os estrondos das bombas que explodem na cidade. Para complicar ainda mais esse conflito, existe lá a presença do Estado Islâmico, que de forma irracional, quer tomar o território da Síria e parte do Iraque, e construir o país deles, com a doutrina do Islã e, sobretudo, o radicalismo desenfreado. Eu acrescento ainda mais, para ampliar esse conflito, a presença da organização tida como terrorista no mundo todo, que é a Hezbollah, que também apoio o presidente sírio. Isso tudo gera uma guerra sem o menor controle estratégico, com vários objetivos individuais, razão pela qual eu não prevejo o seu fim nos próximos meses. A ONU vem se apresentando de forma impotente para resolver esse problema internacional. Os pedidos de cessar fogo não vem surtindo efeito e a matança de civis aumenta a cada dia. Segundo jornalistas israelenses especialistas em guerra, esse conflito só vai acabar quando finalmente a Russia e os Estados Unidos entrarem em acordo concreto e definitivo para combater e aniquilar o Estado Islâmico, sequenciado por um consenso sobre quem vai finalmente dirigir a Síria.
2 – O mundo continua aplaudindo as olimpíadas que estão sendo realizadas no Brasil, e que se encerram hoje. Principalmente no que diz respeito a organização, qualidade e segurança. Por falar em segurança, a imprensa internacional, que muito receava um atentado terrorista, vem elogiando constantemente o nosso país. E com ironia, vem dizendo que o único atentado ocorrido foi a grande farsa dos atletas americanos, que criaram um assalto fictício para denigrir a imagem do Brasil de forma injusta. Porque tudo vem ocorrendo de forma maravilhosa, surpreendendo até mesmo ao mais otimista brasileiro. Aqui em Israel fizeram inclusive um programa televisivo, para chegar à conclusão que o povo brasileiro é mágico, uma vez que a incógnita da realização do evento olímpico era muito grande. Isso em face da conjuntura política, do problema sanitário com o Zika, do caos econômico e da ameaça de terrorismo, que era uma possibilidade considerada. Nesse programa, a carga de críticas aplicada aos quatro americanos foi tamanha, que parecia mais uma equipe de advogados brasileiros defendendo o nosso país. As palavras mais amenas dirigidas aqueles atletas eram “sem vergonha” ou “falta de boa índole“. Eu, particularmente, estou muito orgulhoso por tudo que foi apresentado e conseguido na realização da Rio 2016. Todavia, fui e ainda continuei sendo contrario ao fato de termos promovido esses dois eventos de maior grandeza dos esporte mundial, tanto o mundial da FIFA, como agora, as Olimpíadas. Isso porque, no meu ponto de vista, esse dinheiro empreendido poderia ter sido aplicado em projetos sociais que pudessem melhorar as condições de vida de nosso povo, eliminando muitos gastos desnecessários à realidade brasileira. Mesmo assim, as Olimpíadas foram um sucesso. E estamos todos de parabéns.
Mario Roberto Melo – Correspondente do Blog Ponto de Vista, em Tel Aviv
