1- Muito se fala aqui no Oriente Médio na temível, possível e iminente guerra entre o Hezbollah do Líbano e Israel. Após as últimas ameaças, tanto por parte do Hezbollah quanto por parte do presidente do Líbano Michel Aoun, parece que alguma coisa está sendo feita para resolver a situação. A tensão entre Israel e Líbano se intensificou nas últimas semanas em vista da construção da barreira de fronteira pelo Estado de Israel e da disputa sobre a marcação na divisa das águas territoriais e econômicas entre os dois países, principalmente em decorrência de um campo de gás no Mar Mediterrâneo exatamente nessa região entre Israel e o Líbano. Essa tensão está chamando a atenção da mídia, principalmente a israelense, porque Israel sabe do arsenal por parte do Hezbollah que está sendo ajudado pelo seu patrono, o Irã. Com isso o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu também advertiu durante o seu recente encontro com o presidente russo Vladimir Putin sobre as tentativas do Irã de transformar o líbano em uma fábrica e base de mísseis. Outro testemunho da forte aliança entre o Hezbollah e Teerã foi expresso há uma semana quando um alto funcionário do mesmo país persa visitou a fronteira com Israel e disse que a libertação de Jerusalém está próxima, tendo elogiado o papel do Hezbollah na sociedade libanesa como um movimento islâmico que vai além das questões militares e da defesa e dedica as suas capacidades à construção de uma cultura islâmica no Líbano. Ibrahim Raisi ameaçou também mais uma vez o Estado de Israel de destruição, que é aliás uma violação internacional e que o Ocidente, a exceção dos Estados Unidos, não estão interferindo e principalmente condenando a atitude dos dirigentes iranianos.

2- Uma violação de uma juíza pode paralisar investigações contra Netanyahu, pois o Ministério da Justiça anunciou nesta segunda-feira (26) à noite que o Procurador-Geral e o Procurador do Estado viram com grande severidade o incidente que foi publicado nesta noite sobre correspondências entre um funcionário da Autoridade de Valores de Israel e o juiz que discutiu os processos de prisão no caso. “O incidente é contrário aos princípios básicos da acusação, que é um incidente excepcional e lamentável”, divulgou o Ministério da Justiça em um comunicado. O Procurador-Geral e o Procurador do Estado concordaram com o presidente da Autoridade de Valores Mobiliários que este funcionário já não lida com o caso. O funcionário informou ao presidente da Autoridade de Valores esta noite que ele está de férias imediatamente até o final da investigação. O Ministério da Justiça disse em outro comunicado que “o Supremo Tribunal de Justiça de Israel foi informado de que a investigação será liderada por outro advogado do Departamento de Investigações e que as audiências sobre os suspeitos serão encaminhadas para outro juiz, que examinará todas as evidências recolhidas na investigação”. O sistema judicial respondeu esta noite à exposição de uma televisão israelense, o Canal 10, segundo a qual o diretor da investigação do arquivo do processo de número 4000 da Autoridade de Valores de Israel e o juiz de detenções coordenaram as prorrogações. A correspondência que foi revelada na segunda-feira, um dia antes de uma audiência sobre o pedido para prolongar a detenção de alguns dos envolvidos no caso do processo 4000, indica uma aparente coordenação entre o diretor da investigação e o juiz antes das audiências de extensão do processo em que Netanyahu e os quatro envolvidos estão sendo investigados. O ocorrido é sem precedentes, e agora os advogados de defesa já estão exigindo a liberação de todos os detidos e o incidente poderá invalidar as investigações que poderiam implicar Benjamin Netanyahu.

 

(Mário Roberto Melo – Correspondente do Blog Ponto de Vista, em Tel Aviv, Israel)

 

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