Após mais de duas horas de reunião com o presidente interino Michel Temer e com cerca de 100 empresários do Comitê de Líderes da Mobilização Empresarial pela Inovação (MEI), o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Braga de Andrade, disse ontem que, para o governo melhorar a situação do déficit fiscal, serão necessárias mudanças duras na Previdência Social e nas leis trabalhistas. Robson Andrade comentou as iniciativas francesas, onde as leis trabalhistas estão sendo discutidas, que apontam para uma flexibilização da jornada de 35 horas semanais, admitindo alternativas que podem chegar a 80 horas semanais, com até 12 horas diárias. O governo francês de François Hollande busca a reforma sem o aval do Parlamento.
“No Brasil, temos 44 horas de trabalho semanal. As centrais sindicais tentam passar esse número para 40. A França, que tem 36 (na realidade são 35 horas), passou para a possibilidade de até 80 horas de trabalho semanal e até 12 horas diárias de trabalho (na verdade, são 60 horas semanais)”, citou Andrade, e continuou: “a razão disso é muito simples. A França perdeu a competitividade de sua indústria com relação aos demais países da Europa. Agora, está revertendo e revendo suas medidas, para criar competitividade. O mundo é assim e temos de estar aberto para fazer essas mudanças. Acho que foi uma demonstração de responsabilidade do governo apresentar as dificuldades que têm e o esforço que será feito para contornar essas dificuldades”.
O presidente da CNI lembrou que o déficit previsto pelo governo federal de R$ 170 bilhões em 2016 provocará crescimento de despesas. “É claro que a iniciativa privada está ansiosa para ver medidas duras, até difíceis de serem apresentadas. Por exemplo, a questão da Previdência Social. Tem de haver mudanças na Previdência Social. Caso contrário, não teremos no Brasil um futuro promissor”, acrescentou. Robson Braga defendeu também a implementação de reformas trabalhistas. Para ele, o empresariado está “ansioso” para que essas mudanças sejam apresentadas “no menor tempo possível”. Robson Braga de Andrade reiterou a posição da CNI, contrária ao aumento de impostos. “Somos totalmente contra qualquer aumento de imposto. O Brasil tem muito espaço para reduzir custos e ganhar eficiência para melhorar a máquina pública antes de pensar em qualquer aumento de carga tributária. Acho que seria ineficaz e resultaria, neste momento, na redução das receitas, uma vez que as empresas estão em uma situação muito difícil”, disse ele.
