CEM OU SEM! –
São CEM textos. Comecei a escrever SEM perspectiva alguma, além de dar vazão aos sentimentos que se atropelavam dentro de mim, como vagões desgovernados que precisavam encontrar seu trilho. CEM textos foram publicados semanalmente, dividindo risadas e lágrimas SEM saber se era ouvida. Hoje, sei que sou…
CEM semanas compartilhando minha vida com vocês.
Aliás, quem são vocês, que conhecem minha alma desnuda, meu avesso, meu reflexo no espelho? São dez ou CEM? Este número não me importa… Sei apenas que me conhecem e dividem comigo as loucuras da vida, as reflexões e deflexões que se impõem sobre nós no dia-a-dia insano que é O viver.
Podem ser dez ou CEM ou mil ou… Só não pode ser SEM! Recuso-me ao SEM, como menina mimada. Sempre me divirto pensando como uma simples letrinha muda totalmente a palavra e, consequentemente, seu significado. Do CEM para o SEM, que o corretor nem identifica a fragilidade e profundidade da mudança, é um pulo de quantidades e expressões.
Pego-me pensando… Não pode ser SEM. SEM amor pelo que faço. SEM emoção. SEM sentimento. SEM prazer. SEM alegria. SEM o sonho de melhorar. SEM o sonho de compartilhar. SEM verdade!
Ah, a verdade…
Tão mascarada, escondida, ludibriada nesta sociedade onde vivemos contos de fadas nas redes sociais e a fragilidade do medo e da imperfeição ao se apagar a luminosidade das telinhas de nossos celulares. Não cansamos de repetir o erro de tentar ver o mundo através delas, as telinhas cheias de comparações, SEM condições de encararmos isto como verdade absoluta.
Temos CEM motivos para viver SEM nos compararmos. Ou mil! Porque somos únicos e incrivelmente cheios de qualidades, não só CEM, mas SEM números para contar.
Por isso, tenho CEM motivos para continuar. Não só continuar a escrever, mas continuar a viver esperançosa em dias melhores, dias compartilhados, dias inundados de felicidade genuína.
Talvez até mais! Provavelmente mais!
Que venham mais CEM!
Bárbara Seabra – Cirurgiã-dentista, professora universitária e escritora