A sonda Cassini, projeto da Nasa que investigou Saturno por 20 anos, fez nesta sexta-feira (15) seu último mergulho em direção ao planeta. Com 17 países envolvidos no projeto, a missão juntou milhares de dados importantes sobre o 6º planeta do Sistema Solar.

“Cassini é agora parte do planeta que estudou”, tuitou a Nasa, após receber o último sinal emitido pela sonda. “Obrigado pela ciência”.

A última etapa da missão foi chamada de ‘Grand Finale’. Desde o início desses mergulhos, a Nasa tinha algumas metas principais: fazer mapas detalhados da gravidade e dos campos magnéticos do planeta, entender melhor do que são feitos os aneis de Saturno e fazer imagens do planeta, luas e seus aneis.

Durante as duas décadas em que a missão esteve ativa, a agência também conseguiu fazer descobertas importantes: os mares de metano líquido sobre a lua Titã e a existência de um vasto oceano de água salgada sobre a superfície glaciar da lua Encélado.

O desenvolvimento da Cassini começou na década de 80. O nome é uma homenagem ao astrônomo italiano Giovanni Domenico Cassini, que descobriu quatro satélites de Saturno e a divisão entre os aneis. Junto à sonda, foi acoplada a nave Huygens, que aterrissou na lua Titã, segunda maior de todo o Sistema Solar.

O lançamento ocorreu em 15 de outubro de 1997. Bill Clinton ainda era o presidente dos Estados Unidos.

A Cassini demorou sete anos até chegar no planeta no ano de 2004, em uma entrada precisa e inédita — a agência espacial está há 13 anos na região. A aterrissagem no solo da lua Titã ocorreu um ano depois com o desprendimento da Huygens, em 2005. Ao final dessa missão, a Nasa terá observado de perto quase meio ano de Saturno — por lá, um ano corresponde a 29 anos terrestres.

A Nasa chegou a uma contagem de 53 luas confirmadas do planeta — com mais nove em investigação.

Com as pesquisas da Cassini, os astrônomos chegaram à conclusão de que a lua Titã tem um dos mundos mais parecidos com a Terra. Ela tem raio de 2.575 km, é a segunda maior lua do Sistema Solar e registra temperaturas muito baixas. Mas é o único lugar já descoberto com líquido estável na superfície. O ciclo é similar ao da água, mas com metano.

Uma brasileira está na equipe da missão, a astrônoma Rosaly Lopes. Ela faz parte do time que pesquisa mais a fundo as luas de Saturno.

“A missão Cassini tem sido extraordinária. Estou estudando a geologia de Titã, seus vulcões, ou pelo menos o que nós achamos que são vulcões, já que não são ativos. Acabamos chamando de criovulcões: no lugar de sair lava, sai gelo e água”, disse Lopes.

Nesta terça-feira (12), a Cassini sobrevoou Titã pela última vez. Os engenheiros da missão vão usar as informações coletadas nesse encontro, que apelidaram de “beijo de despedida”.

Água também foi encontrada em outra lua, a Encélado, que tem vapores que saem de sua superfície. A Cassini deu um rasante nestes “cânions” e sugou essas substâncias. Em abril deste ano, a Nasa confirmou também a presença de gás hidrogênio.

A missão é um empreendimento liderado pela Nasa, mas em conjunto com a Agência Espacial Europeia (ESA) e a Agência Espacial Italiana. As agências europeias construíram a sonda Huygens transportada por Cassini. Foram 17 países envolvidos no projeto.

A missão Cassini-Huygens custou US$ 3,26 bilhões. Os Estados Unidos contribuíram com US$ 2,6 bilhões, a ESA com US$ 500 milhões e a Itália com US$ 160 milhões.

Fonte: G1

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