Protesto cobra justiça após três anos da morte do jovem Giovanne Gabriel, de 18 anos — Foto: Tom Guedes
Protesto cobra justiça após três anos da morte do jovem Giovanne Gabriel, de 18 anos — Foto: Tom Guedes

Familiares, amigos e integrantes de movimentos sociais realizaram um protesto na tarde desta segunda-feira (12), na sede do Tribunal de Justiça do Estado, no bairro de Nossa Senhora de Nazaré, na Zona Leste de Natal, em que cobraram justiça pela morte do jovem Giovanne Gabriel de Souza Gomes, de 18 anos, ocorrido em junho de 2020. Uma carta aberta pedindo celeridade no processo foi entregue pela mãe da vítima ao judiciário.

Com cartazes pedindo justiça e palavras de ordem, os presentes realizaram a manifestação por aproximadamente uma hora em frente ao Tribunal, até o momento em que a mãe de Gabriel, Priscila Souza, e outros dois manifestantes foram recebidos. A principal reivindicação é que os suspeitos, três políciais militares, que no momento respondem em liberdade, sejam julgados no tribunal do júri.

Na ocasião, Priscila entregou uma carta aberta, endereçada ao relator do processo, o desembargador Francisco Saraiva Dantas Sobrinho, cujo título é “Três anos da morte do jovem Giovanne Gabriel: Por Justiça e em Defesa da Vida”.

Em um dos trechos da carta, escrita em primeira pessoa, ela relata o sofrimento que passa desde a morte de Gabriel.

“Doutor, até hoje não consigo dormir em paz e sossegada quando penso na dor e sofrimento do meu filho nas mãos desses assassinos frios e covardes”, disse.

No momento, os três cabos da Polícia Militar do Rio Grande do Norte estão recorrendo para que os tribunais superiores suspendam a realização do júri. Por outro lado, os desembargadores estaduais negaram a continuidade processual.

Também na carta, a mãe da vítima reitera o pedido para que o desembargador apresse o julgamento de todos os recursos dos suspeitos e o júri seja marcado.

Em abril de 2022, os três policiais militares presos por suspeita de participação na morte de Giovanne Gabriel foram soltos por decisão da Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Norte. Um sargento da PMRN, suspeito por envolvimento na ação criminosa, foi solto por um habeas corpus em março de 2022. Segundo as investigações da Polícia Civil, a vítima teria sido assassinado após ser confundido com um ladrão.

O caso

Gabriel deixou a casa onde vivia com a mãe, a irmã e o padrasto, no bairro Guarapes, na manhã do dia 5 de junho de 2020 para ir de bicicleta à casa da namorada em Parnamirim, na Grande Natal. Ele fazia o trajeto em cerca de uma hora, mas sumiu antes de chegar ao destino. A namorada de Gabriel ligou preocupada para a mãe dele. Desde então o jovem não foi mais visto.

Familiares e amigos iniciaram a busca por Gabriel e chegaram a encontrar suas sandálias e a bicicleta em uma área de vegetação em Parnamirim. O corpo foi encontrado no dia 14 de junho de 2020 com perfurações no crânio, provavelmente provocadas por arma de fogo, e com braceletes de plástico presos nos pulsos, de acordo com a perícia inicial do Instituto Técnico-Científico de Perícia (Itep).

Investigação

De acordo com a Polícia Civil, após o roubo de um carro em Parnamirim, a PM foi acionada para tentar recuperar o veículo. O dono do carro é irmão de um dos policiais militares suspeitos. Esse PM acionou os colegas para darem apoio ao seu irmão na recuperação do veículo, que possuía rastreador. Diversos policiais foram contatados para atender a ocorrência e se deslocaram até a região onde apontava o GPS. Ao longo das buscas, uma guarnição da Polícia Militar chegou ao local onde o veículo estava, presenciando o momento no qual os criminosos estavam retirando os pertences do veículo.

Os suspeitos do roubo, ao visualizarem a viatura, fugiram pela região de mata. Os policiais deram continuidade às buscas, ingressando na mata. No local, alguns policiais militares abordaram o jovem Gabriel e se certificaram de sua história. Após alguns momentos de detenção, eles liberaram o jovem. Ao sair da região de mata, Gabriel foi visto por populares que avisaram a uma outra viatura que também realizava as buscas no local.

Nessa viatura, estavam os três cabos presos, que haviam sido acionados pelo sargento. De acordo com a Polícia Civil, os militares então abordaram o jovem Gabriel, que chegou a informar aos policiais que já havia sido liberado pela outra viatura; mas, mesmo assim, o jovem foi colocado na mala do veículo, sendo este o último momento em que foi visto com vida.

As investigações apontam que os três policiais executaram a vítima e se deslocaram até o município de São José do Mipibu, onde deixaram o corpo, que foi encontrado no dia 14 de junho de 2020, em uma região de mata na comunidade Pau Brasil, a 30 km de Natal e a 20 km de Parnamirim.

De acordo com as investigações, os três cabos que estavam na viatura, desde o momento que abordaram o jovem Gabriel, mantiveram um estreito processo de comunicação com o sargento, irmão da vítima do crime de roubo em Parnamirim.

Fonte: G1RN

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