CASA DE FARINHA –
Um dia de trabalho e animação. Mais animação, pois o trabalho lá na roça é uma coisa natural, a que já estão acostumados.
Mas o dia da farinhada é um dia diferente dos demais, Tem toda uma logística empregada para o sucesso da mesma, a começar pela lenha para esquentar o forno. Tem que arrancar a mandioca, transporta-la em lombo de burros nos caçoares até a casa de farinha. Além de raspadeiras, o responsável pela prensa, o moedor, a responsável para peneirar a massa. Tem ainda o mestre que vai mexendo a massa com um rodo até virar farinha.
Normalmente é um dia de alegria que entra pela noite e onde muitas conversas são contadas. Além de muitos namoros que chegam muitas vezes até a dar em casamentos, na forma de amigacão (como se diz lá em nós). Eita que saudades danadas das coisas simples dos meus iguais,Gente de almas puras e de uma grandeza inestimável.
As raspadeiras de mandioca entoam cantos que falam do seu dia a dia, seus amores e sonhos, Enquanto a mandioca é moída e prensada, seguindo- se a extração da goma ou fécula da mandioca (nome estranho para mim). A noite as pessoas alheias a esse trabalho se dirigem até a casa de farinha, onde a conversa corre solta e as paqueras também se fazem presentes entre os adolescentes locais.
Em suma, é uma festa só ,alimentada por sonhos, beijus e tapiocas feitos na hora; e que, para minha tristeza, está em decadência face essa coisa dura e grotesca ao mesmo tempo, chamada de modernidade.
Bons tempos,tempos de nunca mais!
José Alberto Maciel de Oliveira – Representante comercial aposentado
