
Em entrevista exclusiva ao jornal Correio Braziliense neste domingo, o ex-presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por duas vezes — entre 1994 e 1996 e em 2005 — e uma das vozes mais respeitadas no ambiente jurídico nacional, Carlos Velloso, disse que não se surpreendeu com o resultado do julgamento do processo de cassação da chapa Dilma-Temer. Por 4 votos 3, os ministros absolveram a chapa da acusação de abuso de poder político e econômico. Para Velloso, o tribunal evitou jogar o país na ingovernabilidade. “Temos uma República constituída em Estado Democrático de Direito e não uma República de bananas.”
Para Velloso, a impugnação, além de quebrar a governabilidade, tumultuaria os tribunais e prejudicaria a economia do país. “Afinal, temos todos que combater a corrupção, prestigiar a Lava-Jato, mas com a observância da lei e da Constituição”. Ele ressalta que o país começa a retomar um momento de estabilidade. E defende que se deixe o presidente Temer completar a travessia até 2018, lembrando que os juros caíram, a inflação está abaixo da meta de 4,5%, as reformas estão em andamento e foi aprovada uma emenda para limitar os gastos públicos. “Lembro o samba de Ataulfo Alves: deixem o homem trabalhar. Chega de autofagia.”
Velloso elogia Joaquim Barbosa, embora discorde da afirmação deste de que o TSE só cassa políticos de regiões afastadas do centro do país. Em relação ao presidente do TSE, Gilmar Mendes, mais exaltações e novas ressalvas. Mendes seria um profundo conhecedor das leis e do funcionamento dos tribunais, mas peca pelo temperamento. “Ele é um homem de pavio curto, topador de briga. Um homem assim faz amigos e desafetos. Poderia fazer uma pós-graduação em Minas”, brincou o ex-presidente.