O rompimento formal do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), com o governo da presidente Dilma Rousseff criou uma gravíssima crise institucional no país. Cunha culpou o governo pelo que chama de ação orquestrada da Procuradoria-Geral da República para que o lobista Julio Camargo dissesse que deu US$ 5 milhões em propina para ele. Até então, o lobista, investigado na Operação Lava Jato e que virou delator, negava ter passado suborno a Cunha.
A classe política e o pessoal do Planalto sabe que o Executivo já estava fragilizado por causa do ativismo persistente do peemedebista no comando da Câmara. Além disso, o desgaste pela crise econômica e pelas denúncias de corrupção da Operação Lava Jato, envolvendo petistas, aliados e integrantes do governo, piorou a situação. Com a decisão do Presidente da Câmara, uns acham que ele ficará enfraquecido, enquanto outros temem pelos resultados práticos no curto prazo. Até porque as previsíveis retaliações de Cunha devem piorar a situação do governo, que já enfrenta uma crise de credibilidade, a partir dos índices de aprovação de Dilma Rousseff, que chegou aos 10%.
O PMDB, partido tanto de Cunha quanto do vice-presidente, Michel Temer, também vê a situação como aguda. Para o partido, a governabilidade não será retomada enquanto o petista José Eduardo Cardozo, ministro da Justiça, que é chefe da Polícia Federal, estiver no cargo. Cardozo já teve recentemente de reafirmar a independência da PF após a pressão de sua própria legenda. Agora ele passa a enfrentar o maior partido aliado do governo. A atitude do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, também está sendo aguardada com preocupação. Está nas mãos dele uma eventual denúncia à Justiça contra Cunha e Renan.
Da parte de Cunha, a retaliação mais dura é ele avançar com o processo do possível impeachemant da presidente. Como se não bastasse, está presente a preocupação do Governo sobre o resultado do movimento da sociedade civil contra Dilma, marcado para o dia 16 de agosto. Além disso, Cunha acelerou a instalação da CPI do BNDES, o que também preocupa muito o governo. Alguns petistas temem que o presidente do banco, Luciano Coutinho, seja instado a falar sobre supostos pedidos de ajuda a empresários para a campanha de Dilma em 2014.
