A cerimônia de abertura dos Jogos Rio-2016, a 31ª edição dos Jogos Olímpicos, realizada na noite de ontem, se constituiu num sucesso absoluto, emocionando os presentes ao Maracanã e enchendo de orgulho todos os brasileiros. De fato o evento foi grandioso e impecável. Segundo os organizadores, a festa homenageou o “espírito da gambiarra” do povo brasileiro, o talento para fazer algo grande a partir de quase nada. Foi um verdadeiro show de música e cores.
O inicio mostrou a combinação entre áreas verdes e urbanas, ao som de um videoclipe com a música Aquele Abraço, cantada por Luiz Melodia. Depois Paulinho da Viola, acompanhado por uma orquestra de cordas, emocionou o público com uma interpretação do Hino Nacional em um palco inspirado nas formas do arquiteto Oscar Niemeyer. A bandeira do Brasil foi hasteada pelo Comando de Policiamento Ambiental do Rio de Janeiro e 60 bandeiras foram carregadas por 50 atletas iniciantes e estrelas do esporte como Virna, Robson Caetano, Maureen Maggi e Flávio Canto.
A arte brasileira foi homenageada, a geometria indígena, as estampas africanas e os azulejos portugueses. As mensagens mais importantes da cerimônia foram a paz e a sustentabilidade. Foi mostrado começo da vida, as imensas florestas que cobriam o Brasil na chegada dos portugueses, os índios, a chegada dos europeus em caravelas, o desembarque forçado dos africanos, a migração de árabes e dos japoneses, até chegar a urbanização do Brasil, concentrada em grandes cidades. Ao som de Construção, de Chico Buarque, acrobatas desafiaram as fachadas dos prédios e montaram uma parede, de onde o avião 14 Bis saiu ao som de Samba do Avião, com um ator interpretando o inventor Santos Dumont.
O Rio de Janeiro, que inspirou Tom Jobim, Vinícius de Moraes, Oscar Niemeyer e o paisagista Roberto Burle Marx, teve o ponto alto com o desfile de Giselle Bündchen, ao som de Garota de Ipanema, executado ao piano por Daniel Jobim, neto de Tom. Depois de Ipanema, as favelas foram representadas com um show de ritmos como o samba e o funk, reunindo artistas como Elza Soares, Ludmilla, Marcelo D2 e Zeca Pagodinho, Karol Conka e McSofia. Manifestações culturais como o maracatu, os bate-bolas, e o treme-treme, do Pará e o bumba-meu-boi também dividiram o espaço no palco do Maracanã. Jorge Ben Jor incendiou o Maracanã com o sucesso País Tropical, acompanhado pelos presentes.
Após o desfile das 207 delegações participantes da Rio 2016, o presidente do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), Carlos Arthur Nuzman, bastante emocionado, disse que os filhos do Brasil não fogem à luta, afirmando que o Rio está orgulhoso de ser a capital olímpica do mundo. E saudou os participantes, afirmando que o Brasil recebe o mundo de braços abertos. O presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI), Thomas Bach, disse que o Brasil conseguiu organizar os Jogos mesmo enfrentando problemas políticos. “Todos devem estar muito orgulhosos esta noite. Vocês conseguiram em sete anos aquilo que gerações antes de vocês só puderam sonhar”. Ele também agradeceu a presença dos atletas refugiados, que passam uma mensagem de esperança ao mundo. E afirmou: “No mundo olímpico, nós não só toleramos a adversidade, mas damos as boas-vindas a algo que enriquece a nossa diversidade”. O ex-atleta Kip’ Keino, presidente do Comitê Olímpico do Quênia foi homenageado com um prêmio especial pela contribuição ao esporte.
Perto do final da abertura, Caetano Veloso, Gilberto Gil e Anitta, cantaram Isso aqui é o que é, de Ary Barroso, ocasião em que desfilaram as baterias das escolas de samba do Rio de Janeiro. Em seguida, ocorreu a esperada cerimonia da Tocha Olimpica. Ela entrou no Maracanã trazida por Gustavo Kuerten, foi passada para a jogadora de basquete Hortência e finalmente, para Vanderlei Cordeiro de Lima, o maratonista que por uma injustiça histórica ficou apenas com o bronze nos jogos de 2004 em Atenas. Vanderlei acendeu a belíssima pira olímpica, enquanto o público veio ao delírio. O Brasil cumpriu de maneira impecável a sua missão. Uma abertura que ficará para sempre na memória dos brasileiros e dos amantes do esporte, em todo o mundo.
