Os mercados globais tiveram um forte abalo nesta segunda-feira (6) após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciar no domingo (5) que o país vai aumentar de 10% para 25% as tarifas sobre US$ 200 bilhões em produtos chineses importados a partir de sexta-feira (10) e ameaçar elevar o alcance das tarifas.
Os investidores foram pegos de surpresa pelas ameaças de Trump, uma vez que a expectativa era de avanço nas negociações comerciais entre as duas potências. Os principais índices acionários da China mostraram sua maior queda em mais de três anos.
O índice CSI300, que reúne as maiores companhias listadas em Xangai e Shenzhen, e o índice Xangai caíram mais de 5% cada um, registrando a maior queda em um único dia desde fevereiro de 2016. As principais bolsas asiáticas também fecharam em queda.
Na Europa, as bolsas operavam em queda de mais de 1%.
Em Nova York, os principais índices abriram em queda de mais 1%, mas as perdas foram reduzidas nas horas seguintes. Por volta das 12h, o Dow Jones caía 0,88%, enquanto o Nasdaq recuava 1% e o S&P, 0,88%.
No Brasil, o Ibovespa opera em queda de mais de 1%, acompanhando bolsas internacionais.
As novas ameaças de Trump também provocavam queda no preço de coommodities como petróleo, soja, trigo e milho.
O sentimento do mercado recebeu um pequeno impulso um pouco depois, com a China dizendo que sua delegação comercial está se preparando para ir aos Estados Unidos.
Trump surpreendeu os mercados globais com uma publicação no Twitter na noite de domingo anunciando que as tarifas sobre US$ 200 bilhões em produtos chineses vão aumentar para 25% na sexta-feira (10), de 10% já em vigor, revertendo uma decisão tomada em fevereiro de mantê-las nos níveis atuais devido ao progresso das negociações entre os dois lados.
Ele falou também que pretende atingir outros US$ 325 bilhões em mercadorias chinesas com tarifas de 25% “em breve”, essencialmente cobrindo todos os produtos importados da china para os Estados Unidos.
Nesta segunda-feira, Trump voltou a criticar a China devido ao comércio, dizendo que os EUA estão perdendo bilhões de dólares para Pequim e prometendo proteger o comércio norte-americano. “Desculpe, não vamos mais fazer isso!”, disse Trump.
Reação chinesa
Apesar da ameaça, um porta-voz chinês disse que uma equipe de Pequim está “se preparando para viajar para os Estados Unidos” para continuar as negociações comerciais e “tentando obter mais informações” sobre o anúncio de Trump.
Geng Shuang se negou a dizer se o principal enviado chinês, o vice-primeiro-ministro, Liu He, iria a Washington, como planejado. Questionado sobre Liu He, Geng disse apenas que uma “equipe chinesa” estava se preparando para viajar.
“O que é de vital importância é que ainda esperamos que os EUA possam trabalhar com a China para se encontrarem no meio do caminho e que se empenhem para alcançar um acordo mutualmente benéfico com base em respeito mútuo”, disse Geng.
O Wall Street Journal havia noticiado mais cedo que a China estava considerando cancelar as reuniões desta semana em Washington diante dos comentários de Trump, que pegaram as autoridades chinesas de surpresa.
Já o banco central da China afirmou nesta segunda-feira que vai cortar a taxa de compulsório para liberar cerca de 280 bilhões de iuanes (US$ 41 bilhões) para pequenos e médios bancos, em uma medida que visa a ajudar empresas com dificuldades em meio à desaceleração econômica.
O corte no volume de dinheiro que os bancos devem manter como reserva será o menor desde janeiro de 2018, quando o Banco do Povo da China deu início à sua mais recente rodada de afrouxamento monetário para sustentar a segunda maior economia do mundo.
Fonte: G1
