O pessimismo dos empresários com o futuro da economia brasileira nos próximos meses deve levar o indicador de confiança da indústria, em junho, ao pior nível em quase 15 anos e o setor não vê sinais de reaquecimento no segundo semestre.
O alerta foi feito pelo superintendente-adjunto de ciclos econômicos do Ibre-FGV, Aloisio Campelo, durante a divulgação da prévia de junho do ICI, que recuou 4,7% ante maio, para 68,2 pontos. Os dois sub-índices usados para cálculo do ICI registraram queda. O ISA recuou 5,4%, atingindo 70,6 pontos, menor nível da série mensal iniciada em outubro de 2005. O IE, usado para mensurar tendências futuras, caiu 4,2%, atingindo 65,8 pontos, também o menor nível da série histórica.
Segundo Campelo, os empresários perceberam que a demanda do segundo trimestre foi quase tão fraca quanto a dos primeiros três meses do ano. Outro aspecto mencionado pelo técnico é a sinalização de piora, na prévia, na confiança industrial de todas as categorias de uso da indústria da transformação pesquisadas. Segundo Campelo, mesmo categorias que não se mostravam tão pessimistas agora indicam trajetória negativa. É o caso de bens de consumo não duráveis. “Em não duráveis, percebemos piora expressiva, tanto nas avaliações sobre o presente quanto nas expectativas.” A demanda nessa categoria, afirmou ele, é muito influenciada pelas mudanças de trajetória de massa salarial e de emprego.
