MALBA TAHAN –
O escritor Malba Tahan, heterônimo de Júlio César de Mello e Souza, nasceu em 6 de maio de 1895, na cidade do Rio de Janeiro. Passou sua infância na cidade de Queluz (SP). Formou-se em Engenharia Civil pela Escola Nacional de Engenharia, mas nunca exerceu essa profissão. Sua grande paixão era ensinar matemática no Colégio Pedro II, onde criou uma nova metodologia, para tornar a matéria mais interessante e de fácil assimilação pelos alunos.
Entretanto, não foram essas atividades, nem mesmo o seu nome real que notabilizaram Julio César de Mello e Souza. Apesar de não ser árabe e de nunca ter ido ao Oriente Médio, dedicou-se a estudar a língua, filosofia e cultura dessa sociedade. Assim surgiu seu mais famoso pseudônimo: Ali Iezid Izz-Eduim Ibn Salim Hank Malba Tahan, ou, simplesmente, Malba Tahan.
Malba Tahan, segundo pequena biografia escrita por Júlio César de Mello e Souza, nasceu em 6 de maio de 1885 na aldeia de Muzalit. Ainda muito jovem foi nomeado prefeito de El Medina. Seguiu seus estudos por Istambul e Cairo até receber uma herança de seu pai e resolver viajar pelo mundo. Este morreu em 1921, em uma batalha, pela liberdade de uma minoria da região da Arábia Central.
Ele adotou o pseudônimo Malba Tahan, por acreditar que um escritor brasileiro jamais chamaria atenção, escrevendo contos árabes. Para tornar a história mais real, criou também um tradutor para os livros, o Professor Breno Alencar Bianco.
Júlio César de Mello e Souza, com o nome de Malba Tahan, escreveu mais de 55 livros, entre eles “O Homem que Calculava”, “Maktu” e “Lendas do Oásis”.
“O Homem que Calculava” é o seu livro mais conhecido. No estilo de “As mil e uma noites”, Malba Tahan conta a história do calculista persa Beremiz Samir, que, em viagem até Bagdá, mostra suas incríveis habilidades em solucionar problemas matemáticos.
No início do século XX, era muito difícil os autores nacionais conseguirem publicar suas obras. Os livreiros e os donos de jornais davam preferência aos autores estrangeiros, pois o sucesso era garantido. Afinal, diz o ditado que “santo de casa não faz milagre”. Pode até fazer, mas demora bastante.
Ao ler os contos “As Mil e Uma Noites”, ainda menino, Júlio César de Mello e Souza se apaixonou pela cultura árabe. Dessa forma, procurou se dedicar ao estudo dessa cultura, e assim construiu seu personagem. Sua criação era um homem excêntrico, nascido em 1885 na Arábia Saudita. Ainda muito jovem, fora nomeado prefeito de El Medina pelo emir; depois, foi estudar em Istambul e Cairo; aos 27 anos, tendo recebido grande herança do pai, saíra em viagem de aventuras pelo mundo afora: Rússia, Índia e Japão. Em cada aventura, Malba Tahan sempre acabava envolvendo-se com algum engenhoso problema matemático, que resolvia magistralmente.
O sucesso dessa ideia de Mello e Souza foi imediato e ele acabou escrevendo dezenas de livros como Malba Tahan : A Sombra do Arco-Iris (seu livro predileto), Lendas do Deserto, Céu de Allah, e o famoso O Homem que Calculava, que, além de ter sido traduzido para várias línguas, vendeu mais de 2 milhões de exemplares só no Brasil. Hoje, o valor pedagógico dessa obra é reconhecido internacionalmente. Todas as obras de Malba Tahan são dignas de aplausos. O grande escritor Jorge Luiz Borges as colocava entre os mais notáveis livros da Humanidade.
Além de produzir essa vasta obra literária, como Malba Tahan, Mello e Souza encontrou tempo para escrever vários livros de Matemática e Didática da Matemática. Provavelmente, deve seu interesse pelo ensino ao pai e à mãe, ambos professores de primeiro grau. Começou a lecionar cedo: aos 18 anos, ensinava nas turmas suplementares no Colégio D. Pedro II. Seu currículo envolve os seguintes cargos:
-Catedrático na Escola Nacional de Belas Artes;
-Catedrático na Faculdade Nacional de Arquitetura;
-Catedrático no Instituto de Educação do RJ ( ex – Escola Normal do RJ ) .
Júlio César de Mello e Souza faleceu em Recife (PE), no dia 18 de junho de 1974, vítima de ataque cardíaco. Após sua morte, sua família doou à cidade de Queluz (SP), todo o seu acervo, incluindo biblioteca, documentos, objetos pessoais, etc. Há nessa cidade, onde Mello e Souza viveu sua infância, o Museu Malba Tahan.
A Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro, comemorando o centenário do nascimento de Mello e Souza, em 6 de maio de 1995, criou, em sua homenagem, o Dia da Matemática, a ser celebrado todos os anos, no dia 6 de maio.
Violante Pimentel – Escritora
