HISTÓRIAS FALADAS E OUVIDAS NA CONFEITARIA ATHENEU –
Há 14 anos a Confeitaria Atheneu comemorava seus 48 anos de existência. Naquele já longínquo ano, eu escrevi a crônica que republico abaixo. Uma homenagem póstuma à figura do querido Odeman, que nos deixou recentemente, bem como sua mulher D. Silvia e filhos, que até hoje mantém com muita dignidade aquele estabelecimento.
“Este mês, a Confeitaria Atheneu comemora seus 48 anos de existência. Iremos festejar no sábado, dia 14/09. A organização está sobre a batuta do maestro e jornalista Airton Bulhões, que sem dúvida nenhuma é o confeitarista mais animado. Na verdade a Confeitaria não começou como bar, e sim com o nome de Livraria e Papelaria Atheneu.
Como o assunto neste momento é política, por lá também pousaram e ainda pousam vários políticos. Alguns alcançando vôos com sucesso, outros apenas entrando de gaiato, metendo o focinho a onde não devia. Sem querer puxar a sardinha para o lado de ninguém, Wilma de Faria e Fernando Bezerra foram dos políticos atuais, os que mais marcaram presença. A primeira como Prefeita prestigiou todos os eventos festivos ali realizados, o segundo teve a sua juventude vivida na Confeitaria, como político ainda deu umas passadinhas por lá. Podemos registrar entre outros, como freqüentadores (passado e presente) da Confeitaria os seguintes políticos. Wilma de Faria, Fernando Bezerra, Neto Correia, Francisco Araújo (Chico Bola Preta) Augusto Carlos Viveiros, Wanderley Mariz, Nélio Dias, Aluízio Machado, Afrânio Amorim, Gustavo Mariz, Cláudio Porpino, Henrique Santana, Chico Brilhante, Enildo Alves, Jaílton Tinoco, José Bezerra, Paulinho Montenegro, Paulo Bezerra (Balá), Ricardo Mota, Marcio Marinho, Valério Marinho, Walmir Targino, Marcílio Carrilho, Pompeu, Laíre Rosado, Guaracy Picado, Graça Abrantes, Caú e José Maria Monteiro dos Santos o não menos conhecido Zé Zuada. A zoada dele é mesmo zuada, pois deixa todo mundo zonzo. Alguns deixaram a sua história registrada nos anais da Confeitaria
Contam que Chico Bola Preta quando a Confeitaria era no prédio da esquina da Rua Serióo, por lá morava um cidadão em frente que reclamava muito do barulho que a turma fazia pela madrugada. Alegava que não conseguia dormir e ia trabalhar logo cedo. Certo dia, Chico comprou uma corrente, um cadeado e nesta noite todo mundo calou-se. O dentista acordou e quando foi tirar seu carro do terraço para ir trabalhar estava preso, de corrente e cadeado. A casa só tinha aquela saída. O cidadão gritava feito louco, mas não houve jeito, teve que esperar um chaveiro para abrir o cadeado.
Outra de Chico Araújo foi com Dona Concita Ferreira, uma senhora muito bondosa e calma, mãe do nosso saudoso amigo e colega João Garcia (João Curica). O banheiro da Confeitaria ficava no primeiro andar, além do mais era cheio de água e mijo. Para urinar era uma novela, então a turma pela madrugada urinava no meio da rua, em frente à casa de dona Concita. Ela reclamava muito de Ivan Paiva (Cocuruto) do mau cheiro. Certo dia, Chico e Syllos Guerreiro conseguiram enganar Ivan e levaram uma mesa com quatro cadeiras, colocaram no terraço da casa de Dona Concita com restos de comida, ponta de cigarro e garrafas secas de bebidas. Não deu outra, no outro dia Dona Concita estava esperando Ivan com uma vassoura na mão, e quando ele parou a Kombi, ela foi gritando.
- Seu Ivan que urinem na rua tudo bem, agora fazer minha casa de bar, Seu Ivan, venha limpar imediatamente tudo isto e tenha vergonha na cara.
Ivan coçou a careca, mas teve que cumprir a ordem imediatamente.
Afrânio Amorim, certa vez candidatou-se a Deputado Federal. Teve um pouco mais de duzentos votos. Para se eleger, precisava no mínimo trinta e cinco mil votos. Chegando à Confeitaria alguém disse:
- Desta vez não deu em Afrânio?
- Que nada companheiro vou pedir recontagem de votos…
Levou uma sonora vaia dos presentes.
Quando eleito Senador, Fernando Bezerra passou pela Confeitaria, para rever os velhos tempos. Vendo a chegada do amigo, Odeman ficou mais nervoso do que noiva em dia de casamento. Ia para um lado para o outro e eu observando. – Que diacho é isto? Pensei. Meia hora depois chega Junior com um fotógrafo e logo Odeman dá um abraço em Fernando e Clik, saiu o retrato. Resultado final, a boca de Odeman parecia boca de jacaré, ia de orelha a orelha tão grande foi a sua alegria”.
Guga Coelho Leal – Engenheiro e escritor
