GULOSEIMA, UMA RIQUEZA CULINÁRIA –
No meu recanto praiano de verão(2016),na praia de Pirangi, despertado e encantado (ainda) com a sinfonia dos bem-ti-vis, dos rouxinóis, dos pardais, das rolinhas,dos sanhaços-azul,me deparo e, surpreso, em certa manhã, com o chamado frenético de um vendedor de cavaco chinês : “tim-ti-lim, tim-ti-lim,tim-ti-lim…’’
Fui tomado pelo impulso saudável da minha infância, quando me definia como um consumidor contumaz das saborosas e inocentes guloseimas, que tão bem caracterizam e enriquecem – hoje em escala bem menor, a culinária nordestina. Relembro algumas mais saborosas:
CAVACO CHINÊS – De provável origem indiana com passagem por Portugal. É conhecido com nomes diferentes de acordo com a região do país. Recebe o nome de ‘’Biju”,no Estado de Minas Gerais, ‘’Taboquinha’’, e outros nomes, em diferentes regiões do Norte e Nordeste do País. Condicionados em um cilindro de alumínio ou flande, com uma alça de couro ou tecido grosso que serve de apoio ao ombro.
Anunciado pelo som metálico de um triângulo com o seu ‘’tim-ti-lim‘‘; leve, delicado, apresentado em formato arredondado, bem laminado, crocante, quebradiço e de sabor inigualável. Na sua receita recebe ingredientes como: a farinha de trigo, açúcar, glicose de milho untado em margarina e prensado em máquina apropriada.
ALFENIM ou ALFINIM – massa consistente açucarada, de uma brancura especial misturada com óleo de amêndoa doce. Oferecido e vendido em tabuleiros. Se apresenta em formatos bem atrativos e em desenhos decorativos como: animais, plantas, casinhas, etc.Difícil de ser encontrada nos dias de hoje.
MUNGUNZÁ ou MUNGUZÁ – Iguaria de origem africana, cuja palavra significa em português “milho cozido.” Oferecido e vendido em caldeirões de alumínio, principalmente nos festejos juninos. Feito com milho-branco cozido, leite de coco ou de vaca, açúcar, canela em pó ou em casca e cravo-da-índia. É servido quentinho. Uma delícia e de forte poder nutritivo.
GRUDE – Iguaria da cultura gastronômica nordestina, feito com goma fresca, coco ralado, levado ao forno e envolvido em folha de bananeira. Existe em duas apresentações: o grude branco e o preto, este,por sua vez, com adição de rapadura.
O município de Extremoz/RN, é conhecido como capital do grude do Brasil, onde possui um pórtico na entrada da cidade com a figura de um menino vendendo grude. Saboroso, nutritivo e muito apreciado na culinária da região.
ALGODÃO DOCE – é ainda a festa da meninada. Até hoje, sua presença é inevitável em aniversários da criançada. Apreciado não só pela sua gostosa doçura, mas também pela sua forma de fabricação. Feito na hora com açúcar refinado, em um carrinho especial, uma atração à parte, – usando movimentos rápidos e circulares formando a nuvem de algodão açucarado. Fui um apaixonado por essa guloseima e queimava toda minha (pouca) reserva monetária para saboreá-lo
GELÉ/GELEIA de COCO – Doce semelhante à cocada, de consistência firme, de coloração caramelada, com tiras de coco na superfície. Entram na sua composição: água, coco ralado e uma calda de limão. Vendido em tabuleiro apoiado em cavalete, cortado com espátula e servido em tiras, envolvido em papel de embrulho. Conhecido também como quebra queixo. Hoje em dia, somente visto e vendido nas feiras livres.
GELADINHO – Sucos coloridos – Servido em copos longos, com raspas retiradas de longas barras de gelo com plaina manual ( antiga ferramenta de marcenaria) e misturadas com essências multicoloridos de acordo com o sabor desejado. Muito apreciado e consumido pela meninada que frequentava os dias de jogos no Estádio Juvenal Lamartine, na década de 1960. Fui seu apreciador e consumidor com frequência . Bom, barato e hidratante.
Berilo de Castro – Médico e Escritor
