O PÓRTICO DA PRAIA DE PIRANGI –
Gosto, não se discute, diz o jargão popular. No entanto, gosto ruim, esse sim, se discute e, muito.
Antes da gestão do prefeito do município de Parnamirim/RN, recentemente falecido, Agnelo Alves; que marcou efetivamente sua administração como um bom gestor; considerada como divisor de águas em relação às gestões anteriores, quando o compromisso com a seriedade não passava nem por perto do município; imperava a administração voltada para os interesses próprios dos seus gestores, e nada vezes nada para o município.
Não me recordo bem, me parece que aconteceu no início da sua primeira gestão, que a pequena e belíssima praia de Pirangi do Norte ( não gosto dessa divisão geográfica:’Norte e Sul), pertencente ao município de Parnamirim, recebeu o seu merecido pórtico (galeria cujo teto ou abóbada é sustentado por colunas ou por arcada à entrada de um edifício, um templo ou uma cidade). Nada mais merecido e justificável, não só para os seus velhos nativos moradores, como para os seus verdadeiros amantes veranistas e, mais ainda, para os novos e desejosos turistas visitantes.
O prefeito e seu assessor de turismo foram felizes; construíram um pórtico, muito embora, não aquela bela obra esperada; quem sabe, sonhávamos com aquele monumento com assinatura do nosso maior nome da arquitetura, Moacir Gomes, e seu parceiro, o competente engenheiro de cálculos José Pereira. Dinheiro existia! Bola pra frente! O pórtico foi construído.
Ficamos, portanto, admirando os não tão belos cajus em acrílico, indicando a entrada da bela praia de Pirangi, por um bom tempo (os 2 mandatos do prefeito Agnelo).
Em determinado momento da nova gestão (Maurício Marques), assistimos a derrubada do pórtico dos cajus; aguardávamos com ansiedade e com a certeza de que alguma outra ideia (muito melhor) brotaria de mentes inteligentes; quem sabe, convocando por questão de qualidade e de justiça os renomados autores das mais belas peças arquitetônicas que embelezam a nossa capital do Estado, Natal, cujos nomes já foram declinados.
Nada disso. Veio o pior, o inesperado, a triste e péssima criação de um novo pórtico, que realmente não tem nenhum sentido de beleza, de arquitetura, não junta nada com nada, só veio a enfear a entrada da nossa bela prainha.
Um arco muito mal traçado, mal- acabado e pintado com uma cor de “burro quando foge”; no centro, uma castanha-de-caju, triste e baldia, que me pareceu mais um órgão do organismo humano: o rim (nosso fabricante de urina); uma homenagem? Realmente são muito parecidos. Deixa pra lá. Não importa.
Presumo que o nosso pórtico (de péssimo gosto e execução pior ainda) deva ter vida longa; é importante frisar que a “obra” foi realizada em momento em que o dinheiro deitava, rolava e enchia os cofres da prefeitura do município; agora, não sei; o que escuto e leio, é que no momento atual as coisas não andam tão bem como outrora, inclusive com a redução dos proventos do senhor prefeito e dos seus auxiliares. O tempo é de vacas magras. Afirmam os mais próximos que a seca brava que assola o Nordeste, atingiu também os cofres da prefeitura.
A feia e solitária castanha (símbolo maior do pórtico) da nossa bela praia, terá com certeza vida estendida, revelando o péssimo gosto do seu criador e a tristeza fria dos seus habitantes.
No momento, continuamos no pódio dos pórticos mais feios do Brasil. Quer mais!!!
Berilo de Castro – Médico e Escritor
