
AQUELE QUE TEM OUVIDOS PARA OUVIR, OUÇA! –
Muitas vezes Jesus encerrou seus ensinamentos com estas palavras: “Aquele que tem ouvidos para ouvir, ouça”; ou “Se alguém tiver ouvidos para ouvir, ouça”. Jesus sabia que nem todos que estavam ali compreendiam o que Ele dizia e, por isto, chamava a atenção das pessoas para o que acabava de dizer.
No Sermão da Montanha, Jesus se refere a nove classes de pessoas bem-aventuradas, a saber:
“Bem-aventurados os pobres em espírito, pois deles é o Reino dos céus.
Bem-aventurados os que choram, pois serão consolados.
Bem-aventurados os humildes, pois eles receberão a terra por herança.
Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, pois serão satisfeitos.
Bem-aventurados os misericordiosos, pois obterão misericórdia.
Bem-aventurados os puros de coração, pois verão a Deus.
Bem-aventurados os pacificadores, pois serão chamados filhos de Deus.
Bem-aventurados os perseguidos por causa da justiça, pois deles é o Reino dos céus.
Bem-aventurados serão vocês quando, por minha causa os insultarem, perseguirem e levantarem todo tipo de calúnia contra vocês.” (Mateus 5:3-11).
E Ele poderia estar repetindo neste momento a mesma frase: “Aquele que tem ouvidos para ouvir, ouça!”, porque quem ler estas palavras sem a intuição do Espírito não consegue ver a verdade nelas revelada.
À primeira vista, as bem-aventuranças parecem contraditórias! Pois, como poderia uma pessoa “pobre em espírito” ser feliz? Ou, como podem os “perseguidos por amor à justiça” serem considerados bem-aventurados, por exemplo?
Vamos analisar, detalhadamente, cada uma dessas bem-aventuranças, começando pela primeira delas:
“Bem-aventurados os pobres em espírito, pois deles é o Reino dos céus.”
Se começarmos do final da frase para o começo dela, temos Jesus a dizer: o Reino dos céus é dos pobres em espírito, e, por isso, eles são bem-aventurados, isto é, eles são felizes. Então, poderíamos perguntar: quem que possua o Reino dos céus precisa de mais alguma coisa? Essa pessoa é verdadeiramente pobre? Pode essa pessoa não ser feliz? Para as três perguntas, uma única resposta: NÃO! Essa pessoa só pode ser bem-aventurada mesmo! Essa pessoa só pode ser feliz! Portanto, não há qualquer contradição nas palavras de Jesus.
Algumas traduções da Bíblia usam “pobres de espírito”, outras usam “pobres em espírito”. Melhor seria que usassem “pobres pelo espírito”, pois dizer “pobre de espírito” é o mesmo que dizer “espírito pobre”; e dizer “pobre em espírito” é algo pior ainda! Porém, “pobre pelo espírito” significa alguém que se fez pobre pelo espírito, ou seja, por ser consciente do ser que é, do espírito que é, da vida que é, essa pessoa se esvaziou de tudo que é visto como riqueza ou posse – no senso comum da humanidade – e se esvaziou de tudo que é passageiro, para de encher do que é real, eterno, verdadeiro; se encher de Vida, do Cristo, de Deus.
Assim, busquemos, pois, ser pobres por decisão consciente do espírito; sejamos, pois, desprendidos, abnegados, dos bens materiais. Mas sejamos ávidos por viver a paz, por praticar o amor e conceber a divina sabedoria. Só neste estágio pode-se conceber a unidade, quando não se pode mais possuir nem ser possuído, por ser tudo UM em Deus. Falaremos de uma das demais bem-aventuranças a cada artigo, daqui em diante.
João Batista Soares de Lima – Ex secretário de Tributação e Membro da Arca da Aliança – Movimento Cristão