O presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, durante encontro com dirigentes de centrais sindicais, no Palácio do Planalto.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se reuniu nessa sexta-feira (20) no Palácio do Planalto com o ministro da Defesa, José Múcio, e com os comandantes de Exército, Marinha e Aeronáutica.

O presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Josué Gomes, também participou do encontro.

A reunião foi fechada, sem acesso da imprensa. Pouco depois, o ministro José Múcio fez uma fala rápida aos jornalistas – e negou que os atos golpistas de 8 de janeiro tenham sido debatidos no encontro.

“[…] Foi para tratar dos investimentos da indústria de defesa. Se vocês perguntarem se tratamos do dia 8, não tratamos. Isso está com a Justiça. Tratamos com Josué [Gomes] e outros cinco empresários. Todos colocando soluções para a indústria”, declarou.

Apesar disso, questionado como ministro, Múcio disse:

  • que o governo aguarda “comprovações” para que as providências sejam tomadas;
  • que os militares estão cientes e concordam com a fala de Lula sobre punir envolvidos “de qualquer patente”;
  • que entende que não houve envolvimento direto das Forças Armadas nos atos, embora possa ter havido a participação individual de militares;
  • e que não há chances de outro ataque do mesmo tipo.

 

Foi a primeira reunião de Lula com o ministro e os chefes das Forças Armadas após o presidente defender a punição dos militares que participaram dos atos golpistas de 8 de janeiro, quando bolsonaristas invadiram e depredaram as sedes dos três poderes.

“Todos que participaram do ato golpista serão punidos. Todos. Não importa a patente, não importa a força que ele participe”, disse o presidente na quarta-feira (18) em entrevista exclusiva à jornalista Natuza Nery, da GloboNews.

Lula esteve no dia seguinte aos atos terroristas com Múcio e com os comandantes das Forças Armadas, o general Júlio Cesar de Arruda (Exército), o almirante Marcos Sampaio Olsen (Marinha) e o brigadeiro Marcelo Kanitz Damasceno (Aeronáutica).

Ao final da semana, em café com jornalistas, reclamou da conivência de militares com a invasão do Palácio do Planalto.

‘Virar a página’

Segundo o ministro da Casa Civil, Rui Costa, a reunião foi convocada para debater projetos considerados estratégicos para Exército, Marinha e Aeronáutica.

O blog da Ana Flor no g1, contudo, aponta o encontro também como uma tentativa de “virar a página” na relação de Lula com os comandantes.

Os chefes das Forças Armadas têm dito que são favoráveis à punição dos militares que estiveram nos atos golpistas e desejam que militares da ativa se afastem da política.

Josué Gomes

À GloboNews, Lula afirmou que já informou os comandantes que planeja modernizar e ampliar a base industrial de defesa. Por isso, o convite para Josué Gomes participar da reunião.

Segundo Lula, Josué tem um projeto para a indústria de defesa, e o governo deseja tornar mais dinâmico o processo para obter patentes, a fim de melhor equipar as Forças Armadas.

Filho de José Alencar – empresário que foi vice Lula nos mandatos anteriores –, Josué tem seu primeiro encontro com o presidente após a assembleia da Fiesp decidir pela sua destituição do comando da entidade.

O afastamento, votado na segunda-feira (16) por representantes de sindicatos associados e integrantes da diretoria da instituição, teve 47 votos contra Gomes e 1, a favor.

A decisão, no entanto, não é reconhecida pela defesa de Gomes, que alega falta de quórum e de consenso. O processo está agora em etapa de formalização. A ata da reunião será registrada em cartório – o que pode levar alguns dias.

Fonte: G1

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