Uma onda de previsões ruins tomou conta ontem do Relatório de Mercado Focus, pesquisa que o Banco Central faz todas as semanas com analistas do mercado financeiro. Pela primeira vez, os economistas passaram a prever retração da economia em 2016. Os mais pessimistas apontaram, também de forma inédita, que a inflação chegará a dois dígitos e o dólar a R$ 4,00 este ano.
O levantamento indicou uma queda de 2,01% no PIB (Produto Interno Bruto, a soma da riqueza produzida no País) em 2015 e de 0,15% em 2016. Ou seja, o Brasil terá dois anos seguidos de recessão, segundo a previsão dos analistas.
O mercado não mexeu no já elevado prognóstico de que o IPCA terá alta de 9,32% este ano, mas as maiores previsões que compõem o levantamento chegaram à marca de 10,02%. Para 2016, que vinha mostrando um processo de desaceleração, houve, pela segunda vez consecutiva, um ajuste, ainda que tímido, na direção contrária. O ponto central passou de 5,43% para 5,44%.
A inflação tem sido prejudicada, entre outros fatores, pelos preços administrados ou monitorados pelo governo, como conta de luz e de transporte público. Para esse conjunto de itens, o Focus apontou novos aumentos, para 15,20% este ano e 5,92% em 2016.
O dado bom sobre o comportamento dos preços está no longo prazo. As estimativas para o IPCA de 2017 voltaram a recuar e agora estão em 4,55%, colado no centro da meta de 4,50%.
Dólar
No caso do dólar, houve salto das previsões para 2015 e para 2016. No encerramento deste ano, os economistas preveem uma cotação de R$ 3,48 para a moeda. Há uma semana, eles falavam em R$ 3,40.
Para 2016, é prevista uma cotação de R$ 3,60 ante R$ 3,50 do Focus anterior. Entre os mais pessimistas, o dólar baterá os R$ 4,00 no fechamento de 2015.