
O câncer é uma das doenças mais frequentes do século XXI, responsável anualmente pela morte de cerca de 7,6 milhões no mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde. Por isso, estudos envolvendo detecção, diagnóstico e tratamento da doença têm ganhado foco em diversas áreas. Foi essa a motivação de Ana Carolina de Oliveira Neves, aluna do Programa de Pós-Graduação em Química (PPGQ) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), que teve seu trabalho de doutorado reconhecido e publicado por uma das sociedades de Química mais importantes do mundo, a Royal Society of Chemistry (em português, Sociedade Real de Química), na Inglaterra, em março deste ano.
Para Ana Carolina Neves, além do prestígio vindo com o reconhecimento, o esforço da pesquisa em si também foi gratificante. “Estamos lidando com o câncer, uma doença sorrateira, que deve ser diagnosticada o mais cedo possível e a partir de metodologias simples e de baixo custo”, justifica.
Orientada pelo professor Kássio Lima, do Instituto de Química (IQ) da UFRN, o trabalho começou em agosto de 2013, quando definiu-se o objeto do estudo: sete linhagens de células de câncer por uma rota alternativa baseada na fluorescência molecular combinadas com ferramentas quimiométricas. Basicamente, o método tem o objetivo de fazer com que as células emitam luz, a luminosidade difere nas células doentes e saudáveis. A partir da análise dessa iluminação, é feita a categorização e separação deste material entre saudável e canceroso.
A investigação encontrou uma nova alternativa no campo da detecção celular, usando uma abordagem rápida, precisa e com mínima preparação na amostra, sem necessidade de gastos com pré-tratamento de amostra e utilização de equipamentos caros e/ou sofisticados. Mais especificamente, o trabalho se baseia no reflexo das alterações metabólicas ocorridas em células cancerosas em relação às células saudáveis, possíveis de serem distinguidas a partir de métodos físico-químicos aliados a métodos computacionais e estatísticos. Como resultado, a produção científica foi publicada na respeitada revista Analyst, editada pela Royal Society of Chemistry, e escolhida como hot article – termo que aponta os trabalhos mais importantes da edição