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No dia 29 de dezembro de 1992, o advogado José Moura Rocha esteve no centro das atenções do país. Naquele momento, o Senado se reuniu para julgar o impeachment do então presidente Fernando Collor de Mello. Pouco antes do início da sessão, o advogado pediu a palavra ao presidente da sessão — o presidente do Supremo Tribunal Federal Sidney Sanches — e leu a carta em que Collor anunciava sua renúncia. Chegava ali ao fim o mandato de Collor, mas que não impediria a votação do impeachment, confirmado em votação horas após a leitura da carta.

“Fiquei estupefato com a decisão do Senado de seguir com o julgamento”, disse Moura Rocha. O espanto ocorreu porque, ao ler a carta, a defesa acreditava que o processo de impeachment seria extinto, o que evitaria a inelegibilidade de Collor. Mas o Senado decidiu seguir o julgamento, que terminou com 76 votos a favor do afastamento e três contra. Vinte e quatro anos depois, Moura Rocha confidenciou que a decisão de Collor de renunciar foi tomada somente às vésperas do julgamento, quando se convenceu de que não teria chance de escapar na votação. Mesmo sendo o advogado de defesa, ele admite que não acreditava na absolvição de Collor no Senado. “Não tinha como, o povo estava todo contra”, disse.

O defensor evita fazer hoje uma análise da suposta inocência ou não de Collor. “Ficou mais ou menos definido que a saída foi decorrência de uma perua Elba. Foi o elemento concreto”, diz, citando que, além do argumento jurídico, o “isolamento político grande” foi determinante. O advogado lembra que foi alvo de críticas por defender uma figura tão impopular. “Algumas pessoas falavam. Diziam que estava defendendo o indefensável. Mas não me assustei, apesar de ter ficado admirado com tanta gente na rua. Na minha carreira, tive juris criminais em ambientes bem mais hostis, mais difíceis. Mas aquele foi um processo de intensidade e velocidade vertiginosas”, finalizou.

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