A QUARENTENA E O COMPORTAMENTO MENTAL –
Lá se vão mais de cento e sessenta dias de quarentena.
Os afazeres do cotidiano tomaram um novo rumo com a pandemia, evidentemente, em decorrência do isolamento social. Particularmente para aqueles que estavam habituados a sua rotina do dia a dia.
No geral, os que mais vêm sentindo e sofrendo são os idosos (grupo de risco), que tiveram de permanecer “enquartelados” em suas residências; fato que realmente vem mexendo muito com o seu comportamento emocional, condição própria de pessoas possuidoras fisiologicamente de rebaixamento de sua higidez mental.
A permanência prolongada, associada à falta de ocupação, tem levado a esse grupo de pessoas problemas psicológicos com resultados nefastos e preocupantes. Principalmente para aqueles que estão confinados em pequenos espaços, sem contar com nenhuma atividade que lhes possa ocupar o vazio do tempo; além dos parcos recursos de sobrevivência.
Lembrando também dos problemas advindos da própria longa permanência com os familiares, aqueles poucos que ainda podem conviver de perto (as esposas); instantes em que começam a surgir discussões e mais discussões por motivos tolos, insignificantes, que só aumentam e pioram o relacionamento familiar e o divino ambiente caseiro.
Momento que tem sido observado um aumento bem expressivo de violência contra a mulher; crescimento do alcoolismo e de estupros de vulneráveis.
Essa situação criada pela pandemia deverá ser bem considerada, estudada e discutida com muita seriedade pelas autoridades de saúde pública e, principalmente, na área de assistência social. Caso contrário, ao sairmos da mortal pandemia pelo vírus, entraremos em uma outra, a pandemia mental, com elevação dos distúrbios psiquiátricos bem contundentes e preocupantes, com a necessidade de uma atenção toda especial para esses pacientes em ambulatórios e hospitais psiquiátricos, , onde já sabemos da dificuldade e da precariedade que tem a rede de saúde do Estado para recebê-los e tratá-los.
O tempo de demora do confinamento é diretamente proporcional à piora do estado mental dos confinados.
Com a palavra e a reflexão os órgãos de saúde mental e de assistência social do Estado.
Berilo de Castro – Médico e Escritor, [email protected]
