Se cada mentira fosse dinheiro, essas pessoas mentirosas estariam milionárias. E se por cada mentira lhe caísse um dente, estariam completamente banguelas. Haveria uma população somente de pessoas desdentadas.
Houve época em que o castigo para a pessoa mentirosa era a extração dos dentes. Quando se via um banguelo, já se sabia que fora castigado por mentir demais e levantar falsos e calúnias.
Conta a história que, no ano de 974, o Conde de Castela expediu uma carta de foral aos moradores de Castro Xariz (Portugal), e num dos parágrafos, justamente aplicado ao mentiroso, quando processado em juízo, encontra-se a pena que a imaginação popular, ainda hoje, julga indispensável como punição ao réu: A extração de dentes do mentiroso.
“Foral” era o nome da legislação elaborada por um rei, com o intuito de regulamentar a administração de terras conquistadas e que dispunha ainda sobre a cobrança de tributos e quaisquer outros privilégios
“forais de D. Afonso”
Dizia o foral:
“Se entre nós e ele ocorreu caso de calúnia, proceda-se a inquérito legal da nossa e da sua parte, e se alguém der testemunho falso, provando, arranque–lhe o Concelho, a quinta parte dos dentes”.
(Concelho tem sua origem na palavra em latim concilium).
Está muito distante a legislação que apenas confirmava direito consuetudinário vigente, secularmente anterior.
Na voz do povo, esse costume de se extrair dentes do mentiroso deveria ter continuado até hoje. O que haveria de banguelos no nosso país não daria para se contar.
