A MENTIRA –

 
Há pessoas que mentem descaradamente, por prazer ou leviandade. Mentem, como diz o ditado popular, por todos os dentes da boca.
Conheço mentirosos inveterados. Criam uma história com esmero, e todos acreditam. 
Para mim, a mania de mentir representa falta de caráter. Geralmente, o mentiroso é trambiqueiro ou golpista.

Se cada mentira fosse dinheiro, essas pessoas mentirosas estariam milionárias. E se por cada mentira lhe caísse um dente, estariam completamente banguelas. Haveria uma população somente de pessoas desdentadas.

Houve época em que o castigo para a pessoa mentirosa era a extração dos dentes. Quando se via um banguelo, já se sabia que fora castigado por mentir demais e levantar falsos e calúnias.

Conta a história que, no ano de 974, o Conde de Castela expediu uma carta de foral aos moradores de Castro Xariz (Portugal), e num dos parágrafos, justamente aplicado ao mentiroso, quando processado em juízo, encontra-se a pena que a imaginação popular, ainda hoje, julga indispensável como punição ao réu: A extração de dentes do mentiroso.

“Foral” era o nome da legislação elaborada por um rei, com o intuito de regulamentar a administração de terras conquistadas e que dispunha ainda sobre a cobrança de tributos e quaisquer outros privilégios
“forais de D. Afonso”

Dizia o foral:

“Se entre nós e ele ocorreu caso de calúnia, proceda-se a inquérito legal da nossa e da sua parte, e se alguém der testemunho falso, provando, arranque–lhe o Concelho, a quinta parte dos dentes”.

(Concelho tem sua origem na palavra em latim concilium).

Está muito distante a legislação que apenas confirmava direito consuetudinário vigente, secularmente anterior.

Na voz do povo, esse costume de se extrair dentes do mentiroso deveria ter continuado até hoje. O que haveria de banguelos no nosso país não daria para se contar.

Há mentirosos natos, que mentem por prazer e não tem vergonha de mentir. Acham-se altamente inteligentes, quando, na verdade, não passam de pessoas sem caráter e sem escrúpulos.
Que Deus nos livre da maldade dos mentirosos!
A “arte de mentir” é uma doença incurável!
Violante Pimentel – Escritora
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