“Por inveja, Caim matou seu irmão Abel” – está na Bíblia.
A inveja é o sentimento mais sórdido e perigoso que povoa a humanidade. É capaz de provocar a destruição da alma de alguém. Traz danos irreparáveis à alma e torna irrespirável o ambiente em que agredido e agressor se encontrem.
Ao invés de esboçar alegria e gratidão, às vezes, quem foi ajudado estampa no olhar apenas revolta. É normal a pessoa que foi ajudada se afastar, passando a ser indiferente a quem o ajudou.
Diz a história que, certa vez, o filósofo chinês Confúcio recebeu uma pedrada, enquanto caminhava com seus discípulos. Um deles, disse que sabia de onde tinha vindo a pedrada, e apontou um nome. Imediatamente, Confúcio contestou:
– Não! Eu nunca fiz nada por esta pessoa.
Somente quem foi ajudado é capaz de retribuir a ajuda com pedradas…
Faz sentido…
Mudando o rumo desta prosa, e ainda sob o espírito junino, que acaba de findar, evoco a beleza da música MANÉ FOGUETEIRO (João de Barro – Braguinha (1934) – Gravado por Augusto Calheiros), que Dona Lia, minha saudosa mãe, gostava de cantarolar:
Mané Fogueteiro era o Deus das crianças,
Na vila distante de Três Corações,
Nos dias de festa de festa fazia rodinhas,
soltava foguete,
soltava balões.
Mané Fogueteiro
gostava da Rosa,
cabocla mais linda
esse mundo não tem,
porém o pior é que o Zé Boticário,
gostava um bocado da Rosa também.
E um dia encontraram
Mané Fogueteiro,
com olhos vidrados,
de bruços no chão.
Um tiro certeiro varara-lhe o peito,
na volta da festa do Juca Romão.
Porém os que morrem de tiro conservam
a última cena
nos olhos sem luz:
um claro foguete de lágrimas frias,
alguém viu brilhando
em seus olhos azuis.
Violante Pimentel – Escritora
