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Os atentados do Estado Islâmico que assombraram Paris na noite de ontem estão sendo tratados internacionalmente como um problema de guerra santa. As suas motivações econômicas, desencadeadas pela enorme desigualdade social do mundo, caíram em esquecimento. A fuga de refugiados sírios e libaneses, a fome, a falta de trabalho, a discriminação e o abandono de um povo explorado por seus antigos colonizadores são apenas alguns dos fatores que compõem esta equação. Até o petróleo – que atualmente vive um momento de crise, em função da queda de seus preços – encontrou seu espaço dentro desta conjuntura.

Isso porque o contrabando da commodity se tornou a principal forma de financiamento do EI. Em entrevista à revista Exame, o fundador do Instituto de Energia do Iraque, Luay Al-Khateeb, informou que em 2014 a guerrilha já controlava 60% dos ativos de petróleo da Síria. Doações de simpatizantes, saques e “pedágios” deixaram de ter tanta importância e o EI, à época, já tinha capacidade de contrabandear 30 mil barris de petróleo bruto por dia, vendendo-os a preços irrisórios.

A responsabilidade das grandes potências nos conflitos que hoje assolam o Oriente Médio fica cada vez mais evidente. Além da iminente publicação do relatório Chilcot, resultado de investigações sobre o papel do Reino Unido na Guerra do Iraque, o próprio ex-primeiro ministro britânico Tony Blair admitiu à rede CNN no último dia 27 “certa verdade” nas afirmações que atribuem a ascensão do EI à Guerra do Iraque. “Claro que não se pode dizer que nós, que afastamos Saddam, não temos responsabilidade nisso”, afirmou.

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