AMENIDADES –

Há tempos não escrevo uma palavra. Problemas de ordem pessoal, preocupações outras e falta de amenidades me atrapalham. Não escrevo mais sobre política. Cheguei a conclusão de não tem mais o que comentar. É sempre mais do mesmo e, aqui para nós, enche o saco.

Esta semana, porém, aconteceu algo que julguei interessante e que vou tentar passar para os que vierem a ler. Converso muito com os  meus netos, que fazem muitas perguntas e as respondo, dentro do possível. Eis um dos diálogos deste fim de semana.

A pergunta foi: vovô, como foi seu tempo de escola. Eu me lembrei que tinha guardado dois livros das matérias que gostava mais. Uma, do último ano de Inglês do Atheneu, passados pelo professor Celestino Pimental. Fazia parte de uma serie, que ia do primeiro ano de inglês até o último. Eu guardei o do último ano. O autor era um sujeito chamado Gerald Fitzgerald. O primeiro livro o iniciava na língua, e o último, que eu guardei, eram histórias de grandes escritores ingleses.

O outro livro era de Aritmética, ainda do curso primário, porque tinha uma tabuada. Se não me engano o autor era um sujeito chamado Trajano. Expliquei o que era uma tabuada, pois sabiam de existência mas nunca tinham visto uma, e disse-lhe que assim tinha aprendido as quatro operações. Não tinha os recursos modernos, essas maquininhas eletrônicas que são sensacionais.

Expliquei. Fazia contas de cabeça, com um lápis e um pedaço de papel, pois havia praticamente decorado a tabuada, de tanto usá-la. Para as contas mais complicadas, usava uma régua de calculo, que ainda tenho. Ele quis fazer um teste comigo e me perguntou quanto era 100 menos 7, depois menos sete, e eu respondendo até chegarmos a 2, ultimo da serie. Depois, multiplicar, dei algumas respostas e finalmente respondi, cansei; vou buscar a máquina eletrônica. Diga-se, algo sensacional, que hoje encaramos com tanta intimidade que nem pensamos em como foram e são importantes em nossa vida. 

E como estão baratas! A primeira que comprei, para um filho que estudava Engenharia, quando morava em Washington, custou US$240,00, num “sale” anunciado nos jornais. Quando cheguei na loja, tinha acabado. E agora, perguntei? Se o senhor quiser fazer um “raincheck” pode comprar agora pelo preço anunciado e lhe avisaremos quando chegar e o senhor vem pegar. Com a “experiência” brasileira de improbidade, tive minhas dúvidas, mas decidi arriscar. A máquina normalmente custava quase o dobro. Dois ou três dias depois me telefonaram e fui pegá-la. Não tinha nada de especial, mas já tinha o teclado científico. No Brasil, era difícil de encontrar e o preço era absurdo. Hoje, você baixa da internet, de graça.

Apesar de todos os tropeços, a vida tem se tornado bem mais fácil. Quem quiser que diga o contrário. Foi o que tentei mostrar a eles. Aproveitem, nasceram numa época cheia de oportunidades. É só estudar. E a “concorrência” não abre um livro!

 

Dalton Mello de Andrade – Escritor, ex-secretário da Educação do RN

As opiniões contidas nos artigos/crônicas são de responsabilidade dos colaboradores
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