Valério Mesquita*

 Não se irrite se os principais sinais de trânsito em Natal estão encobertos por galhos de árvores. Nem se apavore com o aumento prenunciado da gasolina e do álcool. O país dos veículos motorizados agradece as autoridades o sufoco de viver hoje em dia. Não fique indignado com o desperdício de duzentos e oitenta milhões gastos na recuperação dos apartamentos para os senhores deputados federais em Brasília. Pois, o exercício da missão é árduo, penoso e estafante. Não entre em parafuso se o Walfredo Gurgel e similares não tomaram conhecimento do plano de emergência oficial para a normalização – haver passado, passando. As brancas batas dos médicos continuam Omo total.

Não se perturbe com as obras de mobilidade, pois passarão o céu e a terra, e elas também não passaram na sua totalidade. Jamais ponha credibilidade em tudo que se disse em nome da copa do mundo que aconteceu. Pois ficou chato o uso e abuso das coisas nesta cidade em função da mixuruca rodada afro-asiática do futebol do terceiro mundo. Não se desespere com as exigências da vida social, cultural, política e social. O melhor mesmo é cuidar da vida pessoal sem patrão e sem fardos para carregar. Nem se assuste com os índices de criminalidade reinante na periferia da droga ululante. Ela está tirando a vida de uma geração inteira de jovens aqui e alhures, como diria o amigo jornalista Paulo Macedo.

Viva do seu jeito. Como é gostoso ouvir as canções que despertam sentimentos adormecidos. Ou respirar proustianamente aromas que nos recordem a infância, a adolescência: aprendi a lição wildeana de que a “tragédia da velhice não consiste em ser idoso, mas em ter sido jovem”. Não se sinta infeliz pela amolação de estar fazendo parte da sociedade. Pior é se posicionar como excluído dela. Aos aposentados de toda sorte pela guilhotina da compulsória afirmo que não me considero envelhecido, mas amadurecido. Relembro: viva do seu jeito, sendo você mesmo, porque as outras personalidades já têm dono. Por tudo, subestime os feriados santos brasileiros que tanto desabitam as igrejas. Daí, eu ter horror ao ponto facultativo.

Aconselho o cultivo do humor. “A Escolinha do Professor Raimundo” ainda é a minha preferida. Chico Anísio foi um gênio. Tipos como Rolando Lero (Rogério Cardoso), Baltazar da Rocha (Walter D’Avila), Brandão Filho, entre outros, honraram o humorismo nacional que hoje sobrevive de pornochanchadas, imoralismos e nudez. O nu, para os aficcionados é muito bom, mas sem confundi-lo com o humor. Não confie muito na televisão que explora a superficialidade de muitos com programas de baixo nível como o Big Brother e a Fazenda. Seja você mesmo. Não vá na onda. Viva do seu jeito. Não “Salve o Jorge” da antiga novela global. Tudo é picaretagem.

(*)Valério Mesquita – Escritor e Presidente do IHGRN – Mesquita.valerio@gmail.com

Ponto de Vista

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