SINTONIA INTERPRETATIVA –

Tão bom quanto muitas das coisas na vida é o autor de uma peça literária ser interpretado conforme a compreensão crítica do leitor. É como se esse estivesse acompanhando o exato momento em que o texto, a cada frase escrita, fosse lido nas entrelinhas captando o sentimento do escritor, exceptuando as emoções, transportasse para as próprias linhas que vão dando forma ao escrito

Assim tive como exemplo o retorno da leitora, universitária do curso de Direito, a jovem Sara Natália Fernandes, que através do Clube do Livro, coordenado pela AML – Academia Macaibense de Letras foi contemplada com o livro JOSÉ JORGE MACIEL (Elogio ao Patrono – Cadeira 35) e, sobre o livro, expressou o seu comentário.

Vejamos:

“Em “José Jorge Maciel”, Carlos Alberto Josuá Costa ergue um tributo que ultrapassa os limites da biografia convencional para evocar não apenas a figura singular do patrono, mas sobretudo a aura simbólica que ele encarna junto à academia macaibense. A articulação entre o “documento vivo” e o ethos da cadeira 35 converte-se em um nexus onde a tradição literária local ressemantiza o passado, projetando-o como referência identitária e luminoso farol cultural.

A prosa de Josuá Costa, cuidadosamente modulada, assume um tom evocativo, em que cada frase se insinua como delicado sopro de memória, harmonizando precisão factual com reverência estética. A leitura desse livro aproxima o leitor de um locus de sentido que transcende a mera narrativa: somos convidados a reconhecer, nas páginas, os vestígios de um imaginário coletivo, o augúrio de uma posteridade ligada a valores de erudição, consagração e perpetuação intelectual.

Ao final, o que permanece é menos o biografado em si, e mais o espírito da Academia, encarnado na presença silenciosa de José Jorge Maciel, cuja aura se revela. E por meio das palavras de Josuá Costa. Portanto, como farol permanente da cultura regional e da responsabilidade reflexiva que sustenta toda atividade literária digna de seu nome.”

A linguagem deve cumprir a função mais expressiva que o autor possa comunicar aos dedicados leitores. O estado de ânimo, emoções e sentimentos, quando passa da oralidade para a escrita é naturalmente desprovido dos gestos, da entonação imposta ou até da forma de representar mais fielmente a idéia que pretende o autor dar ao seu escrito. Mesmo assim, a leitora Sara, é capaz de rebuscar no texto os aspectos da originalidade.

Ela continua:

“Sob a perspectiva de Josuá Costa, a biografia se converte, então, em instrumento de edificação simbólica. Ao iluminar os gestos, escolhas e inspirações de José Jorge Maciel, o autor traça não apenas um retrato histórico, mas um mapa ético e estético que orienta futuras gerações de escritores, acadêmicos e leitores sensíveis à tradição regional. Cada narrativa e digressão funciona como lembrete de que a vida intelectual de um indivíduo só se completa na medida em que reverbera na coletividade, e que o legado cultural se sustenta tanto na memória preservada quanto na capacidade de inspirar novas interpretações e criações.

Ao mesmo tempo, o livro evidencia a tensão produtiva entre o concreto e o simbólico, entre o registro factual e a projeção da aura que circunda o patrono. Josuá Costa nos lembra que ‘José Jorge Maciel’ não se limita à história de um homem, mas materializa o espírito de uma instituição, funcionando como ponto de convergência entre tradição, memória e criatividade. Essa abordagem eleva o ato de ler a experiência quase litúrgica, na qual o leitor não se limita a absorver informações, mas é chamado a participar de um diálogo contínuo com a cultura que o precede e o transcende.”

Posso concluir que, ler, interpretar e atribuir significado ao que se lê são habilidades que devem ser desenvolvidas e continuadas ao longo do caminho literário e/ou do deleite de ir, a cada leitura, entrar, naquilo que for possível, em sintonia com o autor, transformando a leitura em um diálogo silencioso que ganha momentos reflexivos em sua dimensão e compreensão.

Resta-me agradecer ao Clube do Livro, que através da Academia Macaibense de Letras, proporciona a sintonia interpretativa entre os diversos autores e seus ávidos leitores, tal como a jovem Sara Natália Fernandes.

 

 

 

Carlos Alberto Josuá Costa – Escritor, membro da Academia Macaibense de Letras, Cadeira 35

As opiniões contidas nos artigos/crônicas são de responsabilidade dos colaboradores
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