Valério Mesquita*

Uma vida em linha reta. Talvez, esta frase resumisse tudo o que eu possa dizer sobre a conduta pessoal e a vida profissional do saudoso Dr. José Gomes da Costa, juiz de direito, professor universitário, humanista, jurista e desembargador. Mas, seria muito pouco diante da grandeza moral e a cultura jurídica de um educador de gerações, formador de profissionais do Direito, da velha Faculdade da Ribeira de tanta tradição e brilho.

Conheci o Dr. José Gomes da Costa como juiz da Comarca de Macaíba, residindo à Rua Dr. Pedro Velho, nos anos cinqüenta. Eu era menino. Ao lado de Alfredo Mesquita Filho, Enock Garcia, Aníbal Délio (tabelião público), assisti-o discursar e participar de eventos cívicos integrando-se à vida da cidade, ainda de tardes silenciosas e manhãs contemplativas.

Dr. José Gomes da Costa era calmo. A sua bondade promovia-se tanto quanto a sua cultura jurídica. Um homem de claridades interiores. Como professor, na Faculdade de Direito, primava pela permanente disposição de ser disponível e útil  aos seus alunos. Boníssimo, era incapaz de perpetrar um mal a quem quer fosse. Ele era o nosso ícone. Sem nenhum demérito aos demais lentes de nossa formação acadêmica, com relação ao mestre do Direito Civil eu o separo e o destaco. Ao evocá-lo ainda o escuto através do eco das conversas amenas e das aulas dosadas de sabedoria, naquelas manhãs sempre inaugurais de ressurreição. Muito aprendemos com ele, ouvindo-o, imprimindo em nós marcas de eternidade pinceladas pela conduta e afetividade dos seus gestos. O seu andar lento, a sua postura de calma e sapiência diante da classe me infundia a impressão mística e espiritual de um capataz de profundos silêncios e longas esperas.

O professor José Gomes da Costa, que conheci e privei da convivência cinco anos na antiga faculdade, foi um ser simples, abordável, democrata nas intransigências e nas concessões.

No ensejo da passagem dia 17 de março dos seus 101 anos de nascimento, desejo ampliar as minhas impressões pelo mestre fraterno e amigo. Resgatar-lhe a memória, sim, mas, principalmente, dizer que toda construção preservada é a sombra projetada de um homem na posteridade. Isso porque ele dignificou o magistério e a magistratura do Rio Grande do Norte. E, acima de tudo, honrou a família como bom esposo e pai exemplar.

Na volta anual do seu dia deposito o ramalhete de homenagem. Ele é tecido de flores e frutos, nascidos das sementes que plantou ao longo do tempo.

(*)Valério MesquitaEscritor e Presidente do IHGRN mesquita.valerio@gmail.com

Ponto de Vista

Recent Posts

COTAÇÕES DO DIA

DÓLAR COMERCIAL: R$ 5,2970 DÓLAR TURISMO: R$ 5,5030 EURO: R$ 6,1830 LIBRA: R$ 7,0830 PESO…

19 horas ago

Rodoanel é liberado após acidente com 5 carretas bloquear faixas na região de Embu das Artes

O Rodoanel foi liberado após um acidente envolvendo cinco carretas na manhã desta quinta-feira (4) provocar o bloqueio…

19 horas ago

CNU 2025: prova discursiva terá redação e questões; veja como funciona cada modelo

A prova discursiva da segunda edição do Concurso Nacional Unificado, aplicada neste domingo (7), é uma…

19 horas ago

PIB brasileiro fica estável e cresce 0,1% no 3º trimestre, diz IBGE

O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil variou 0,1% no terceiro trimestre de 2025, informou o…

19 horas ago

‘Choques e queima de equipamentos’: Maternidade é parcialmente esvaziada em Natal por causa de problemas elétricos

Pacientes da Maternidade Escola Januário Cicco, ligada à Universidade Federal do Rio Grande do Norte,…

19 horas ago

Lula abre reunião do Conselhão, que deve fazer balanço do grupo na COP 30 e discutir rumos da economia

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) abriu, nesta quinta-feira (4), a 6ª plenária…

19 horas ago

This website uses cookies.