PONTO DE VISTA DE ALFREDO BERTINI

A ENCRUZILHADA E A DIPLOMACIA NEGACIONISTA –

Sob todos aspectos, é lamentável se assistir a uma postura político-diplomática que nega os princípios da multilateralidade entre as nações. Até pelo exemplo do Barão de Rio Branco, cuja escola formou um corpo diplomático de excelência e reconhecimento pela habilidade técnica e política, é inacreditável esse exercício negacionista conflituoso.

Tal carga ideológica tem proporcionado “terremotos” frequentes, com abalos em áreas sensíveis, como a preservação do meio ambiente. Por aqui se exercita uma política ambiental desatrelada do desenvolvimento sustentável, algo pernicioso à economia. Não ajuda nem mesmo o agronegócio, bem como, a mobilização de capitais internacionais, esta bem sintonizada com a pauta ambientalista.

Pensei que o episódio de uma pandemia de configuração mundial servisse como um argumento defensável para a revisão de posturas de alienação atávica. O esforço racional da diplomacia é o de garantir mais musculatura à cooperação. Afinal, a gravidade da crise sanitária se mostrou capaz de exercitá-la em temas como as ciências, pesquisas e estratégias para o combater o problema. Pena que não houve empatia e nem plano governamental, que dessem substância à construção de uma política para a emergência na saúde pública. Atitude distinta daquilo que fizeram os demais países.

Por um lado, a contradição de um discurso supostamente econômico, que nega a pandemia, mas sinaliza para que os agentes continuem a atuar como se ela não existisse. Por outro, quando se tem às mãos a possibilidade da volta à normalidade pela imunização, a desconfiança e o desprezo pelas vacinas viraram um mantra.

Nesse embate estéril o quadro político-diplomático foi afetado. Sem plano e sem organização, o Brasil apela às vacinas, só que no ritmo dos quelônios e ainda esquece que o pacote não fecha a conta. E pior: não houve prudência na adesão a outros imunizantes. Por fim, uma dependência por insumos 100% ofertados pelos parceiros do BRICS. Uma situação inaceitável.

Assim, não há mais como dourar a pílula da inabilidade política. Chegou-se à encruzilhada: mudança providente ou caos imprevidente? A escolha paira no ar.

 

https://www.instagram.com/p/CKnGPsdhjVo/?igshid=1pla7rtz97c6c

 

 

 

 

Alfredo Bertini – Economista, professor e pesquisador, ex-presidente da Fundação Joaquim Nabuco

As opiniões contidas nos artigos são de responsabilidade dos colaboradores
Ponto de Vista

Recent Posts

COTAÇÕES DO DIA

DÓLAR COMERCIAL: R$ 5,2970 DÓLAR TURISMO: R$ 5,5030 EURO: R$ 6,1830 LIBRA: R$ 7,0830 PESO…

21 horas ago

Rodoanel é liberado após acidente com 5 carretas bloquear faixas na região de Embu das Artes

O Rodoanel foi liberado após um acidente envolvendo cinco carretas na manhã desta quinta-feira (4) provocar o bloqueio…

21 horas ago

CNU 2025: prova discursiva terá redação e questões; veja como funciona cada modelo

A prova discursiva da segunda edição do Concurso Nacional Unificado, aplicada neste domingo (7), é uma…

21 horas ago

PIB brasileiro fica estável e cresce 0,1% no 3º trimestre, diz IBGE

O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil variou 0,1% no terceiro trimestre de 2025, informou o…

21 horas ago

‘Choques e queima de equipamentos’: Maternidade é parcialmente esvaziada em Natal por causa de problemas elétricos

Pacientes da Maternidade Escola Januário Cicco, ligada à Universidade Federal do Rio Grande do Norte,…

21 horas ago

Lula abre reunião do Conselhão, que deve fazer balanço do grupo na COP 30 e discutir rumos da economia

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) abriu, nesta quinta-feira (4), a 6ª plenária…

21 horas ago

This website uses cookies.