MUDAR! POR QUE MUDAR? – Maciel Matias

MUDAR! POR QUE MUDAR? –

Não é fácil mudar, existe uma resistência natural as mudanças, principalmente em pessoas centralizadoras e muito conservadoras.

Não gostamos de mudar porque mudar é enfrentar a incerteza

Wayne Dyer

Mudar significa alterar hábitos que estão  impregnados no nosso cérebro e vinculados ao sistema autônomo. Quantas vezes nos vemos percorrendo um trajeto e de imediato não era aquele onde deveríamos estar. Principalmente se alteramos o dia ou a hora de nossa rotina, até por que a maioria de nossas ações são autônomas, não exigindo maiores elaborações e comprometimento do nosso Sistema Nervoso Central, já  estão gravadas no nosso HD. Para convencermos alguém da necessidade de mudar se faz necessário muitas argumentações e apresentar vantagens para isso. Para haver fundamentação no processo de mudanças devemos lembrar que as respostas nunca veem antes das perguntas, e geralmente são consolidadas diante de pequenos sucessos conseguidos. Raras são as pessoas que conseguem mudar de forma abrupta e alterar seus comportamentos. Uma pressão muito forte poderá levar a um nível alto de estresse e depressões, transformando um problema em outro maior.

Um paciente perguntou ao seu analista o que deveria fazer para melhorar do seu desânimo contínuo e sem motivo aparente. A melhor maneira de superar seu desânimo, responde ele, é você encontrar uma maneira de animar as outras pessoas. Mudar por mudar não é argumento forte, essa atitude poderá tanto melhorar como piorar uma sequência na qualidade da vida, envolvendo muitas vezes outras pessoas de sua dependência.

Será que em time que está ganhando não se mexe?  Será uma verdade consolidada? Claro que não, isso já está bem superado. Se não mexer poderá ter futuras dificuldades em ter que mudar na urgência, como se diz “com o carro andando”, ou na impossibilidade de conseguir alguma melhoria, um maior desempenho, o despertar da criatividade, maior entusiasmo e por aí vai. O mudar gera um desconforto inicial cuja superação tem um tempo imprevisível e dependente do indivíduo e de fatores envolvidos. O mudar do emprego, uma separação conjugal, uma síndrome do ninho vazio (saída de filhos), doenças, perdas financeiras, tudo provoca  mudanças muitas independentes de nossa vontade. Essas são mais difíceis de serem superadas, principalmente nas idades mais avançadas.

Numa ocasião fui questionado por uma filha de um paciente, viúvo, com 89 anos de idade, morando com ela e portador de câncer de pulmão avançado.

– Dr., não sei mais o que fazer, meu pai não deixa de fumar, reclamo constantemente, escondo os cigarros, ele sai e compra outros, falo que vai piorar ainda mais seu problema e ele nem está aí. Ficamos todos estressados lá em casa, ele, eu e meu marido. Já está criando um problema grave de convivência. Não sei mais o que fazer. O que o Sr., acha?.

– Vamos fazer um raciocínio juntos: Seu pai tem 89 anos, ultrapassou a média de sobrevivência do brasileiro. Tem uma doença avançada em progressão sem chance de cura e consequentemente provável pouco tempo de vida pela frente. Acho que você deveria permitir um pouco de prazer ao seu pai e diminuir o nível de estresse de toda a família para que todos possam ajudar e acompanhar juntos, o ciclo da vida de seu pai.

– Obrigado Dr., vou conversar com meu marido, já que sou filha única. Em seguida fiquei me questionando se havia transmitido uma conduta correta. O tempo passa e novamente entro na rotina . Certo dia a encontro e ela me informa que o pai havia falecido.

– Aí, como está você? Pergunto sem forçar detalhes.

– Ainda bem Dr., com aquela nossa conversa, tudo ficou mais tranquilo. Após o óbito, arrumando seus pertences para doação, encontro um pacotinho que ao abrir estava o isqueiro dele envolvido num bilhete, “Filha, obrigado por permitir os últimos prazeres da minha vida”. Nos abraçamos e falei; nem sempre o mudar é necessário, pois frequentemente envolve riscos e essa decisão tem que ser espontânea e individual.

Prazer e felicidade sempre andam juntas. Vale a pena pensar nisso.

 

 

 

Maciel Matias – Médico mastologista, maciel.omatias@gmail.com

 

As opiniões contidas nos artigos são de responsabilidade dos colaboradores

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