Dalton Mello de Andrade

Não sou marinheiro de primeira viagem. Perambulei um bocado por esse mundo de Deus. Só ao Japão, longe paca, fui duas vezes. E me lembro de meu tempo de menino, quando a gente dizia que, se cavasse um buraco bem fundo, ia terminar no Japão. E que no Japão todo mundo andava de cabeça p’ra baixo. Hoje, só conheço um lugar onde tem muita gente de cabeça p’ra baixo, Brasília. E foi para lá que fui este último fim de semana.

Ando com preguiça de deixar meus hábitos e confortos para viajar. Mas minha neta, que aniversariou e que, segundo minha avó sendo mulher não tem idade, convenceu a mim e a avó que deveriamos acompanhá-la nessa viagem à Brasília, para comemorar seu aniversário. Fomos.

A viagem, como sempre, estressante. Não que os horários falhassem. Vôos no tempo previsto. Mas o safári, até a “nova maravilha” de São Gonçalo, é terrível. Tem todos os riscos de um safári, sem nenhum dos benefícios. Riscos de assaltos, dúvida quando a hora de chegada, dificuldades na estrada, cheia de buracos e verdadeiros precipícios. Depois que você chega no aeroporto, até que não é tão ruim. Na ida, o tempo foi razoável; início da tarde, trânsito ainda sofrível. Na volta, um Deus nos acuda. Cheguei no aeroporto perto de uma da tarde, depois de mais ou menos duas horas e meia de vôo, e levei hora e meia para chegar em casa, pela ponte velha. Haja sofrimento!

O vôo em si foi agradável, tanto na ida quanto na volta. É verdade que tentam nos matar de fome, pois nos dão o que chamam de “snack”; um bolinho vagabundo, duas bolachas e um queijinho mixuruca. Um refresco (refresco é muito antigo) ou um guaraná ou coca. Para quem não gosta, o jeito é beber água. As cadeiras, desnecessário dizer, super apertadas. O seu movimento fica tão restrito que até abrir a boca causa desconforto. Ainda bem que são só duas ou três horas.

Gosto de Brasília. Morei lá uns dois anos, quando voltei de Washington. Gosto do clima. Temperatura sempre agradável e mesmo quando faz calor é totalmente suportável. Como é muito seco,  você não vira chaleira de tanto suar, como aqui em Natal. Desde que você se previna, a secura não maltrata muito. Dormia com um vaporizador eternamente ligado. E muito creme hidratante.

Minha neta escolheu o hotel. Novo, muito bom, confortável, mas com serviços sofríveis. Para não ser considerado um velho rabugento, quase não reclamei. A TV do quarto, que tinha a Sky, não funcionava. Como queria ver os jogos, reclamei, e saí do hotel quatro dias depois sem o serviço ser restabelecido. A culpa era da Sky, segundo o hotel. Mandaram um cara da manutenção, que entendia do assunto menos do que eu. O jeito foi ver o jogo na Globo, com o chato do Galvão; mas tirei o som.

A localização do hotel, no entanto, é “sui generis”. Longe de tudo e perto de nada. O que a gente dizia antigamente, nos “cafundós de Judas”. Mas, com um carro alugado, chegar onde se queria era só questão de tempo. E como o tráfego em Brasília é muito mais civilizado do que o nosso, até que funcionava. Iria para lá de novo.

Valeu. Acompanhei a neta, estive com meu filho que mora lá há tempos, voltei a andar por Brasília e, felizmente, não encontrei nenhum dos caras que vivem lá de cabeça p’ra baixo.

Dalton Mello de AndradeEx secretario de Educação do RN

Ponto de Vista

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