LÍNGUA PORTUGUESA, UMA ARMADILHA –
Sou um ferrenho admirador da Língua de Camões (Luís Vaz de Camões – 1524-1580): a Língua Portuguesa; tão bem absorvida e aplicada pelo jurista e tribuno baiano Rui Barbosa (1849-1923); admirada e muito bem divulgada hoje pelo Professor Doutor em Filologia e Língua Portuguesa pela Universidade de São Paulo (USP), Marcos Borga.
Louvo a arte do bem escrever. Leio com atenção e admiração os nossos bons letristas: jornalistas, escritores, poetas e tantos outros escribas brasileiros e, em especial, os potiguares. Sou um eterno aprendiz da Língua, com consciência da sua complexidade e com muito cuidado com suas armadilhas.
Percebe-se, ultimamente, que tem lhe faltado um melhor trato, uma melhor atenção. Na verdade, tem sofrido ferimentos (leves e profundos) quando usada nos noticiários jornalísticos do dia a dia, na mídia nacional. Essa percepção tem sido observada não só no jornalismo, como também em outras áreas de formação acadêmica. Ver-se claramente que a quantidade está vencendo a qualidade. Lastimável! Que maldade! Que estupidez!
Não é fácil o ofício. É preciso muita leitura, muito cuidado e muito exercício de escrita. A palavra verbal, muitas vezes, sofre distorção quando escrita ou vice-versa; é aí que complica! Principalmente agora com o corretor ortográfico digital (que, vez por outra, modifica as palavras), precisamos de muita atenção.
No intuito de apontar algumas curiosidades e armadilhas linguísticas, vou apresentar apenas duas nuances que podem intrigar e confundir seus usuários.
A primeira vai em cima das palavras chamadas de homófonas (som igual, escrita e significados diferentes): são aquelas palavras que têm a mesma pronúncia, mas que diferem na maneira como se escrevem e no seu significado, como: cela-sela; cem-sem; mal-mau; caçar-cassar; acento-assento; cessão-sessão; censo-senso; traz-trás; ouve-houve; concerto-conserto, aço-asso; alto-auto; apressar-apreçar; arrochar-arroxar; cauda-calda; cinto-sinto; cozer-coser; extrato-estrato; sena-cena; conselho-concelho.
Não é brincadeira! Todo cuidado é pouco para não “escorregar na maionese” e cair na armadilha verbal.
A outra observação fica com as palavras pouco conhecidas, pouco verbalizadas – as chamadas palavras difíceis (tem quem goste de usá-las e as considere como uma forma de enriquecer o texto, tudo bem!). Assim sendo, muitas vezes, são passadas por cima sem serem entendidas, quebrando a fluência da frase e do texto.
Vejamos: filaucioso (presunção), pacóvio (ignorante), tergiversar (desculpar-se), prosápia (vaidade), homizio (abrigo, esconderijo), pachorrento (calmo, sereno), penegírico (elogio) azêmola (pessoa estúpida), harto (forte), patranha (mentira), xendengue (franzino), murra (mancha na pele), malsinar (mal impressão), excogitar (imaginar), engodar (mentir, enganar), irrupção (pancada forte), janota (bem vestida), petiz (criança, adolescente), recôndito (escondido), veneta (acesso de loucura), melômano (que gosta de música), polímata (pessoa que conhece muitas ciências).
Confesso, de alma lavada e mente juramentada, que prefiro a escrita com vestimenta caseira, sem terno fino, sem gravata borboleta, sem colarinho branco e sem sapato italiano.
Finalizo com o texto extraído do velho baú do meu avô, o tabelião Miguel Leandro, na sua linguagem quinhentista:
“Não me considero um vulto pacóvia, nem filaucioso. No entanto, a prosápia me faz excogitar receber o panegírico harto e plausível.
Sou, na realidade, um cultor dos polímatas. Procuro não ser azêmola e não ouso engodar a ninguém.
Vivo no meu recôndito convivendo com minhas venetas excogitando dias mais faustos”.
Berilo de Castro – Médico e Escritor, berilodecastro@hotmail.com.br
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Berilo,
gosto de ler seus textos, você é um escritor luzente. Arre égua.
Um abraço,