O tempo é a dimensão da mudança. O Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte é o único bem que ficará após tudo o mais passar. Nele ingresso, eleito por aclamação dos confrades, numa atitude reverente àqueles que a criaram e aos dois últimos presidentes que me precederam: Enélio Lima Petrovich e Jurandyr Navarro da Costa. Não posso olvidar deles o exemplo e a dedicação que tiveram em manter a guarda e a segurança de tão valioso patrimônio. Não chego tão tarde assim. Por isso, não desconheço a magnitude que o novo desafio exige de mim. Sempre atuei em defesa de uma cultura comprometida com os princípios da preservação das riquezas históricas e artísticas do nosso estado.
O prédio foi construído por Augusto Tavares de Lyra, entre 1905 e 1906, na área nobre e histórica da cidade, vizinho a antiga catedral metropolitana e ao palácio do governo erguido por outro conterrâneo Alberto Maranhão. Tem frentes, tanto para a rua da Conceição como para a praça André de Albuquerque. É um chão sagrado de antepassados. Bem próximo, está a praça padre João Maria, hoje, transformada num lastimável camelódromo. Ainda, ali perto, o museu Café Filho, a primeira construção assobradada, ainda do período colonial. E um pouco mais adiante, o sobradão clássico onde funcionou o Tesouro Provincial, hoje Memorial Câmara Cascudo e o Convento Santo Antonio, todos monumentos tombados pelo Patrimônio Histórico. E com importância político-administrativo estão cravados também nesse quadrilátero de ocorrências históricas as sedes atuais dos Poderes Legislativo e Judiciário.
Venho encarecer a atenção das excelentíssimas autoridades para os cuidados que essa contextura patrimonial, histórica, turística, representa para Natal nos dias de hoje, quando a capital será palco de assinalados eventos de envergadura nacional e internacional em 2014. Os prédios, as praças, a iluminação pública ao derredor, necessitam de paisagismo compatível como berço da cidade dos Reis Magos. Nesse território emocional e dominó de reminiscências inapagáveis imperam o lixo, a predação, a escuridão, o abandono e a insegurança. Urge, para essa área, um tratamento diferencial e seletivo de ressurreição de ambiente.
E o Instituto Histórico pobre mas altivo, é o capataz dos mistérios circundantes, há cento e onze anos – a completar no dia 29 de março. Ele permanece como guardião do mais importante acervo histórico do estado. Agora, eu indago, deve continuar abandonado? Ele detém a guarda de todas as leis e decretos de governo de 1835 a 1952, documentos de demarcação de terras de 1615 a 1807, sesmarias de 1702 a 1716 e de 1748 a 1754. O livro de Barleus, no qual Gaspar Van Barle descreve os oito anos do governo holandês de Maurício de Nassau, de 1647, bíblias antigas, bibliotecas, mapas geográficos, objetos de museus, versos, manuscritos e registros eclesiásticos, fotografias de personagens da história política, social, cultural, jurídica e religiosa do Rio Grande do Norte de cem a trezentos anos passados desde os períodos: colonial, imperial e republicano.
É urgente fazermos a digitalização documental, a climatização da sua sede, com a restauração da rede elétrica interna e a inadiável recuperação física do imóvel.
Não existe outra maneira de salvar tudo sem o apoio resoluto, dos órgãos governamentais, das instituições privadas e da sociedade de modo geral. Este patrimônio que estamos guardando, protegendo, é público, é da história, é do povo do Rio Grande do Norte.
Valério Mesquita – Escritor, Presidente do Instituto Histórico e Geográfico do RN Mesquita.valerio@gmail.com
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