E SE RACIONALIZAR O INSTINTO? – Flávia Arruda

E SE RACIONALIZAR O INSTINTO? –

“Todos os homens têm o seu instinto; e o instinto do homem, fortalecido pela razão, leva-o à sociedade, como à comida e à bebida.” (Voltaire)

 

Eu sei, não é fácil diante de situações difíceis, e até imprevisíveis, manter o controle emocional, afinal somos animais instintivos, animais com sentidos apurados, donos de impulsos quase incontroláveis. Carregamos esses impulsos/instintos há milhares de anos. Estão no nosso gene, indelevelmente entranhados nas nossas mais remotas origens.

Defender-se; lutar pela própria sobrevivência; latejar sentindo desejos sexuais; competir e demarcar território; ser agressivo sem se dar conta; tomar a frente do filho para livrá-lo da bala que sai do revólver do assaltante, com todo altruísmo, que nem sabíamos que possuíamos; a busca por conhecermos e conhecer o outro; o desvendar das incógnitas, do: porque estamos aqui e para onde vamos? A insatisfação a cada resposta encontrada, nos levando a mais interrogações… E, o maior de todos os conflitos terrenos, a procura da compreensão entre a relação do divino e o profano.

Pensando no instinto de sobrevivência, Ele, que tantas vezes nos surpreende revelando a nossa outra face. A face negra e oculta, escondida dos padrões aceitáveis. Um lado oprimido e aprisionado por dogmas, leis e normas que regem uma sociedade, e que, num instante de insanidade, nos traz o desconhecimento integral de quem realmente somos. Ora, até os seres mais providos de discernimento, diante de um instante de desespero, onde reagir garantirá sua vida, e, se assim, o matar o livrará da morte… É nesse instante que cai por terra o pensar, transgredindo a razão.

Em condições normais talvez isso nunca se concretizasse – no máximo, num momento de fúria, uma ameaça mental/verbal, essa capacidade de matar para se defender. Sim, todos nós, postos em situações extremas, temos a capacidade de matar para nos defendermos e proteger quem amamos. Por puro instinto de sobrevivência.

São emoções e reações inerentes aos homens. Instintos que fazem parte de nós, perfeitamente controláveis quando trabalhados através do pensamento, compreensão e razão.

Certo que, em muitos tribunais, esse instinto (natural do homem) pode servir como prática na defesa de réus mal intencionados, com o intuito de mascarar a maldade impregnada em muitos seres – nem sei se deveriam ser chamados de humanos. Usando-a, a irracionalidade temporária, a seu serviço, servindo para mapear e fundamentar e justificar, fraudulentamente, o caminho que o levou a tal ação.

Nesse caso, faz-se necessário, sim, fazer imperar as leis que regem a sociedade em cumprimento do bem comum. Evitando causas nocivas e repetitivas que possam desgarrar o bem conviver/viver das relações sociais e coletivas.

O que não podemos deixar de compreender é que, os instintos são a nossa face oculta, a parte irracional que está presente em cada um de nós. É a parte impossível de ser domesticada, pois sofre da ausência de aprendizado.

Assim como na lenda do lobo bom e do lobo ruim, precisamos alimentar a face da razão, a nossa parte racional. Alimentar o nosso melhor lado, educando e elevando. Controlar os instintos requer um profundo mergulho no cerne, na intenção e interação do reconhecer sensações e vibrações causadas quando determinado instinto está preste a emergir, e nesse reflexo racional da percepção se si mesmo, tomarmos o controle da situação, domando e paralisando os instintos que, por ventura, venham a nos trazer prejuízos, tanto individuais como coletivo.

 

 

 

Flávia Arruda – Pedagoga e Escritora

As opiniões contidas nos artigos são de responsabilidade dos colaboradores
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