DE BOAS INTENÇÕES… – Ana Luíza Rabelo

 

DE BOAS INTENÇÕES… –

Todo mundo gosta de dizer que de boas intenções o inferno está cheio. Não sou muito de concordar com essa afirmativa, primeiro porque tenho uma teoria a respeito de inferno: se a pessoa não acredita em Deus, e, quando morrer, acabou-se, então não tem céu e, consequentemente, também não existe inferno. Segundo, se a pessoa acredita em Deus, esse mesmo Deus deve ser de força, bondade e amor sem fim, além de onipresente, onipotente e onisciente, de modo que, para ser possível existir inferno, esse Deus ou não é tão bom (que não tem pena de nós), ou não é tão forte (que não derrota o “inimigo”).

Dentro dos meus longos momentos de abstração, penso nisso e em mais uma coisa: “o que vale é a intenção”. Ninguém neste plano pode me responder tantas dúvidas, sem sombra de dúvida. Assim, eu fico com a alternativa “B”: a intenção, o desejo, o que vai dentro de cada um, é o que vale para comprovar se a ação valeu ou não.

Imagine que você está em uma festa e vai buscar um refresco para uma pessoa que não vê há muito tempo. No caminho, na pressa, na vontade de “colocar o papo em dia”, você cai, tropeça, esbarra e derrama o líquido em alguém, literalmente “liquidando” o vestuário do próximo. Como é o nome disso? Maldade, grosseria, falta de cuidado ou simplesmente um acidente? Agora imagine que a pessoa molhada e você não se dão bem… que saia justa!  Porém, o que se há de fazer num momento como esse? Pedir as mais sinceras desculpas e tentar, ao máximo, reparar o dano, só.

Você tinha a melhor das intenções, de rever uma pessoa querida, mas, no percurso, cometeu uma falha que prejudicou outra pessoa. Cultive agora uma palavra no dicionário da sua vida e não deixe que ela morra nunca: humildade. Assim como Jesus Cristo lavou os pés de seus apóstolos para ensinar que ser humilde não é humilhante, é nesse momento que você abaixa a cabeça e assume a autoria do erro, propondo-se a repará-lo. Foi pelo mesmo motivo que ele nos disse que o rosto tem duas faces.

A vida por si só já tem meios para ensinar-nos como reconhecer no outro o valor que dedicamos a nós mesmos e, tenhamos vindo do macaco ou do barro, não importa, viemos juntos, somos iguais. Importante lembrar que é impossível amar ao próximo quando não se aprendeu a amar a si, a respeitar a si. Somos todos estudantes, teimosos em aprender, desejosos por repetir de ano apenas por que ainda não conhecemos os alunos da segunda série.

Ana Luíza Rabelo Spencer, advogada (rabelospencer@ymail.com)

As opiniões contidas nos artigos são de responsabilidade dos colaboradores
Ponto de Vista

Recent Posts

COTAÇÕES DO DIA

DÓLAR COMERCIAL: R$ 5,2970 DÓLAR TURISMO: R$ 5,5030 EURO: R$ 6,1830 LIBRA: R$ 7,0830 PESO…

21 horas ago

Rodoanel é liberado após acidente com 5 carretas bloquear faixas na região de Embu das Artes

O Rodoanel foi liberado após um acidente envolvendo cinco carretas na manhã desta quinta-feira (4) provocar o bloqueio…

21 horas ago

CNU 2025: prova discursiva terá redação e questões; veja como funciona cada modelo

A prova discursiva da segunda edição do Concurso Nacional Unificado, aplicada neste domingo (7), é uma…

21 horas ago

PIB brasileiro fica estável e cresce 0,1% no 3º trimestre, diz IBGE

O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil variou 0,1% no terceiro trimestre de 2025, informou o…

21 horas ago

‘Choques e queima de equipamentos’: Maternidade é parcialmente esvaziada em Natal por causa de problemas elétricos

Pacientes da Maternidade Escola Januário Cicco, ligada à Universidade Federal do Rio Grande do Norte,…

21 horas ago

Lula abre reunião do Conselhão, que deve fazer balanço do grupo na COP 30 e discutir rumos da economia

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) abriu, nesta quinta-feira (4), a 6ª plenária…

21 horas ago

This website uses cookies.