DA CINTURA PARA CIMA – Bárbara Seabra

DA CINTURA PARA CIMA –

Acho que uma das coisas que mais me encantam é ouvir histórias. Quando conheço os personagens, imagino-os naquelas cenas contadas. Quando não os conheço, consigo criá-los com riqueza de detalhes. Hoje, ao ouvir contações, muitas vezes pergunto se tem foto! Geralmente vejo o celular sendo sacado e, de repente, conheço aquela pessoa.  Pronto! Já sei qual rosto será pensado diante das frases ouvidas. Se não tenho com quem conversar, abro um livro e viajo por mundos mil!

Entretanto, tem algumas histórias que têm um pouco mais de magia. Elas não contam sobre princesas e príncipes (em segundo plano) com seus cavalos brancos ou Ferrari vermelha. Nem madrastas más, animais falantes, fadas madrinhas.

 Amo as histórias de família. Os contos. Os causos. As figuras icônicas, com histórias absurdas, dignas de novelas dos anos 1980. Penso em novelas como Tieta ou Roque Santeiro que tinham um quê de verdade diante de figuras ilustres retratadas caricaturadas. No fundo, acho que existiram em algum lugar escondido de nosso país…

Assim, pertinho do Natal, viajamos para Campina Grande para rever minha família paterna. As conversas regadas  a risadas e mesa farta acabam se voltando para nossas origens. Que bom!

Uma tia conta a relação de vovô com seus irmãos. A outra conta os apelidos inusitados que vovô era capaz de colocar. Ouvimos sobre seus namoros, seus inícios de vida e como tudo mudou.

De repente, a irmã de um tio solta a pérola: namoro cuidadoso deve ser da cintura para cima, da cintura para baixo é perigoso. Num tempo tão diferente do que nós vivemos, onde namoro é namoro e a cintura nem importa tanto, penso no conflito geracional diante da liberdade que se tem.  Ela continuou contando que namoro “naquela época” era com os familiares ao redor, que segurar na mão era um marco e o beijo… ahhh, como beijar naquelas circunstâncias?

Uma geração diferente!

Tão cheia de coisas para nos ensinar. Tão cheia de memórias para compartilhar.

Tão rica.

Gratidão por essas pequenas coisas que, no fundo, fazem a diferença nas nossas vidas, não importando se ainda temos ou não cintura como registro para por limites…

 

 

 

 

 

Bárbara Seabra – Cirurgiã-dentista, autora de “O diário de uma gordinha” e Escritora

As opiniões contidas nos artigos/crônicas são de responsabilidade dos colaboradores
Ponto de Vista

Recent Posts

COTAÇÕES DO DIA

DÓLAR COMERCIAL: R$ 5,2970 DÓLAR TURISMO: R$ 5,5030 EURO: R$ 6,1830 LIBRA: R$ 7,0830 PESO…

18 horas ago

Rodoanel é liberado após acidente com 5 carretas bloquear faixas na região de Embu das Artes

O Rodoanel foi liberado após um acidente envolvendo cinco carretas na manhã desta quinta-feira (4) provocar o bloqueio…

18 horas ago

CNU 2025: prova discursiva terá redação e questões; veja como funciona cada modelo

A prova discursiva da segunda edição do Concurso Nacional Unificado, aplicada neste domingo (7), é uma…

18 horas ago

PIB brasileiro fica estável e cresce 0,1% no 3º trimestre, diz IBGE

O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil variou 0,1% no terceiro trimestre de 2025, informou o…

18 horas ago

‘Choques e queima de equipamentos’: Maternidade é parcialmente esvaziada em Natal por causa de problemas elétricos

Pacientes da Maternidade Escola Januário Cicco, ligada à Universidade Federal do Rio Grande do Norte,…

19 horas ago

Lula abre reunião do Conselhão, que deve fazer balanço do grupo na COP 30 e discutir rumos da economia

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) abriu, nesta quinta-feira (4), a 6ª plenária…

19 horas ago

This website uses cookies.