BERIS, UM AMIGO AVOANTE & AVENTUREIRO –
Caminhar, observar e escrever é quase uma rotina. Vício? Pode ser se indicar algo positivo, repetição prazerosa. E hoje o olhar foi a esquerda do caminho. A visão fixou no mar e a mente se embalou nas velas do passado embalada por doces recordações.
Vendo as ondas que chegam a beira mar, resultantes de correntes marinhas, ventos, topografias e temperaturas, avoei ao passado no Tirol onde jogava biloca com Tutu, Lucrécio, Beris, Mingo, Mário e Hermane, entre outros, pelas ruas Conselheiro Brito Guerra, Teotônio de Carvalho, Ipanguaçu e Ângelo Varela, além de puxar latas de leite cheias de areia e curtir 31 Alerta e colecionar embalagens de cigarro com destaque para Hilton, sempre brilhante e rara.
Beris é o apelido de Nelson Mattos Filho e ele é o homenageado por ter protagonismo em várias áreas. De todos os amigos foi Beris o primeiro a nos mostrar o universo dos negócios. Enquanto tínhamos pais bancários, juízes e profissionais liberais, seu Nelson era empresário. Tinha padaria. Aquilo era muito interessante e Beris desde cedo navegou naquele mister.
Seu pai também tocava trombone e reunia amigos em sua casa com escadaria acentuada para baixo, onde metais, saxofones e demais instrumentos nos brindavam com melodias diferentes. Sua mãe, uma dama nata, irmãos e irmãs maravilhosas e esses diferenciais, emolduram os Mattos com esta aura de peculiares atividades.
O tempo passou, a morte precoce do pai tornou Beris um emergente padeiro e supermercadista e eis que surge a bomba: ele largou tudo, comprou uma embarcação e vive agora para cima e para baixo navegando, cozinhando, escrevendo para jornais, blogs, publicando livros e mais feliz que pinto em beira de cerca nos brinda com suas pérolas cotidianas.
Depois de avoar por estas ondas do passado voltei a observar as ondas.
Faz bilhões de anos que elas vêm e vão, incansáveis, assim como nossas almas imortais, indo e vindo, aprendendo, empreendendo, ensinando, errando, acertando, ao sabor de ventos, topografias, correntes, influências, permanentemente pensando de onde vem e para onde vão..
Um homem que amassou o pão, nasceu entre trompetes e trombones, vive singrando os mares, certamente deve ter respostas mais alísias destes bravos ventos que nos aliviam o calor dos tempos que atravessamos.
Admiro você Beris. Seja sempre feliz.
Ps – Indagado sobre que tipo de mensagem ele passa com Diário do Avoante, Mattos foi enfático: “Que nunca devemos deixar para trás nossos sonhos para não cairmos no vazio da lembrança que nunca houve. Hoje, eu vivo um sonho que muitos já sonharam, mas que não tiveram coragem de realizar”.
Flávio Rezende – Jornalista e ativista social
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