A MÚSICA COMO ALÍVIO – Berilo de Castro

A MÚSICA COMO ALÍVIO –

No meu recanto caseiro, obrigado a guardar esse prolongado isolamento social “chinês”, como esquecer, não lembrar e levar a boa música aos leitores — aqueles que curtem música de qualidade, que a utiliza como um refúgio de paz, que se encanta ao ouvi-la, que se renova e se encanta com seus inesquecíveis versos, tão belos quanto uma cantiga de ninar?
Não tem como não voltar aos memoráveis e encantadores tempos da música-poesia; pensada, recitada e cantada, que tanta falta nos faz e que tanto bem nos traz nesse momento.

Como dizia o nosso “poetinha” Vinicius de Moraes (1913-1980): “No entanto é preciso cantar/ Mais que nunca é preciso cantar/ É preciso cantar e alegrar a cidade…”.
Eis alguns versos:

Pelo silêncio que diz quase tudo
Por este olhar que me reprova mudo.
(Hei, amigo: Padre Zezinho/Cantores de Deus).

Bom mesmo é amar em paz
Brigas nunca mais.
(Brigas nunca mais: Vinicius de Moraes/Tom Jobim).

Podemos ser amigos simplesmente
Amigos simplesmente, nada mais.
(Chuvas de verão: Fernando Lobo).

Dorme que eu vou te velar
Pela noite quieta
Como a chama do luar
Vela o sono dos poetas
(Acalanto: Edu Lobo/ Paulo César Pinheiro).

Vê, como é bonita a vida
Vê, há esperança ainda.
(Estão voltando as flores: Paulo Soledade).

Não prantear um amor que se perdeu
É a nossa alma enganar
E ao próprio coração querer mentir.
(Lágrimas: Cândido das Neves)

Os nossos olhos choraram
O nosso idílio morreu
Os nossos lábios murcharam
Porque a renúncia doeu.
(E o destino desfolhou: Mário Rossi/ Gastão Lamounier)

A dor da paixão não tem explicação
Como posso definir o que só sei sentir.
(Ontem ao luar: Catulo da Paixão Cearense).

Você foi o caso mais antigo
O amor mais amigo que me apareceu.
(Outra vez: Isolda).

Pois metade de mim é partida
A outra metade é saudade.
(Metade: Oswaldo Montenegro).

Na copa da mata, buzina a cigarra
Ninguém vê a barra!
Pois barra não tem…
(Triste partida: Patativa do Assaré).

As rosas não falam
Simplesmente as rosas exalam
O perfume que roubam de ti.
(As rosas não falam: Cartola).

Coisa que gosto é poder partir
Sem ter planos
Melhor ainda é poder voltar
Quando quero
(Encontros e despedidas: Fernando Brant/Milton Nascimento)

As estrelas tão serenas
Qual dilúvio de falenas
Andam tontas ao luar.
(Noite cheia de estrelas: Cândido Neves).

Só assim, revendo essas pérolas poesias musicais, podemos sair, fugir e esquecer esse triste e angustiante momento de apreensão, de incertezas, que tanto tem nos atormentado e tanto tem nos entristecidos.

É preciso cantar; ter na alma o encanto da poesia e o conforto da paz.

 

 

Berilo de Castro – Médico e Escritor,  berilodecastro@hotmail.com.br

As opiniões contidas nos artigos são de responsabilidade dos colaboradores
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