Valério Mesquita*

Em termos de credibilidade estamos no volume morto. O Brasil vive uma fase de rupturas. Ninguém pode negar a assertiva. Deram um tombo de forma tão desconcertante, que mais parece a Venezuela e a Grécia juntas. Tudo é imprevisível. Na boca de cada brasileiro a pergunta é sempre a mesma: “Alguma novidade?”. Sempre na ânsia de querer escutar o pior. Vive-se o gôzo da tragédia iminente. O acervo imenso da roubalheira oculta vem à lume, com tantos nuances que nunca se viu antes na história republicana. Getúlio não foi golpeado em 1954 por corrupção, nem Jânio Quadros, que nem sequer foi doido. Era um bêbado. Jango caiu sob o peso das suspeitas esquerdistas e isso nem sequer Lula soube ser.

Collor despencou de podre de uma cadeira que nunca deveria ter sentado. Lula se nivelou a ele quando aceitou sua adesão. Fiquei perplexo. Foi o sobejo mais repugnante que bebeu. Chegaram a dizer: “Lula é pior do que o que bebe”. Fernando Henrique era tão elitista e egocêntrico que nem herdeiro político deixou. Fragilizou o tucanato de forma irreversível. Antes, José Sarney nunca deixou de ser farinha do mesmo saco. Hora, era de Cardoso, hora, era de Lula da Silva. Dilma desencontrou-se com todo o mundo. Com Lula, com o PT e com ela própria. E para sobrevivência política herdou o mensalão e o lava jato, duas moléstias que nem o diabo aguenta.

O Brasil de hoje não tem lideres políticos. No futebol “morreu Maria Preá” desde aqueles sete a um para a Alemanha, só restando fragmentos de um antigo reinado. A saúde no país vai igual a cantiga da perua (de mal a pior). A educação virou dispersão, desesperança. O professor da juventude é a internet. A televisão, manipula e alimenta mais rápido os sentidos do que o cérebro. A escola é uma droga. Por dentro e pelas redondezas. No ensino brasileiro, o sol, que era para todos, foi eclipsado. E a segurança pública? É claro que se trava agora uma guerra civil. Eu ainda vou assistir as Forças Armadas nas ruas defendendo o cidadão, a cidadania, porque a polícia não dá conta. A crescente população de marginais, o desemprego e o tráfico de drogas, tudo aumentou geometricamente.

A justiça é impotente para dominar o mar de lama dos governos, o crime nas ruas e o comércio de crack. O instituto da família está na UTI porque a bagunça do casamento entre pessoas do mesmo sexo já é um fato, uma ocorrência fisiológica tanto quanto a posição de obrar. O mundo perdeu a cerimônia, a parcimônia. O Brasil nunca assistiu cartolas empreiteiros na cadeia. Ai chegou um ministro doido, chamado Joaquim, lá no Supremo, “de tanto ver triunfar a iniquidade”, lembrou-se do parente Rui Barbosa e começou sozinho a fazer justiça. Depois dele, outro doido, o juiz Sérgio Moro, no frio e na chuva do Paraná, tornou-se modelo e paradigma para todo o Brasil, condenando quem fosse encontrado em culpa. O fato é que, para se relatar tudo isso sinto que a linguagem tem que ser chula. Voo de galináceo! E já estou de olho noutro doido: o Eduardo Cunha, o dono da pauta! Viva o doido!

É preciso começar a construir neste país as diferenças. Estamos afundando num pântano de luxúrias e excessos. Um momento sinistro.

(*) Valério Mesquita – Escritor e Presdiente do IHGRN – mesquita.valerio@gmail.com

Ponto de Vista

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