VIRAMUNDO 25 –

Maria Juliana morava com uma amiga na Rua do Motor e estudava, de manhã, no Grupo Escolar Isabel Gondim. A tarde “arranjava” namorados pras amigas mais velhas e recebia uma comissão. As vezes os rapazes queriam “ficar” com ela mesma e aí a renda aumentava. Era uma delícia esse trabalho de agenciamento.

Resolveu alugar uma casa grande no Alecrim e levava as meninas pra curtir seus programas lá. Abriu um barzinho com cervejas e drinques. Ela tomava conta de tudo. A freguesia aumentava e os rapazes passaram a frequentar mais vezes. Maria melhorou de vida, comprou um carro e foi morar em Petrópolis, numa casa boa que depois comprou.

Conheceu um camarada que veio do sertão conhecer a casa do Alecrim e se engraçou dela. Ele, viúvo, fazendeirão e carente logo se apaixonaram. Foram morar juntos, sem casar e tiveram uma filha. Pra cuidar da gravidez e da menina quando nasceu, arrendou  a “casa de tolerância” como era conhecida pela vizinhança, que não se incomodava.

Quando Ingrid nasceu, passou um bom período afastada da casa do Alecrim pra cuidar dela. Vivia de arrendamento, mas o mais importante era o ajuntamento com seu Raimundo que vinha pra cá nos finais de semana.

Ingrid era bonita, parecida com a mãe que se orgulhava dela. Um dia seu Raimundo trouxe sua filha mais velha pra morar com eles. Deram-se muito bem e viveram felizes até a “irmã” querer saber como e aonde Maria trabalhava. Um problemão.

Maria abriu o jogo e contou tudo, tintim por tintim. Suely, a filha de seu Raimundo, quis conhecer a casa do Alecrim. Ela não gostou e ainda agrediu o pai.

– O senhor casou com uma rapariga e não falou nada. Não quero mais ficar aqui. Quero ir embora.

– Mas minha filha, ela é uma pessoa de bem e tem Ingrid para cuidar.

– Pois fique com as duas. Se eu passar no vestibular quero morar sozinha.

– Suely passou no vestibular e foi morar num quartinho alugado em Mirassol, vizinho da Universidade e não quis mais nenhum relacionamento com Maria e muito pouco como pai. Exigiu que ele depositasse sua mesada no banco. Quanto menos contato, melhor.

Maria ficou muito triste com isso e vendeu a casa do Alecrim pra sua amiga que tomava conta. Passou a viver de agiotagem e cuidar de Ingrid que foi estudar no CEI, uma escola de alto nível. Seu Raimundo casou legalmente com Maria e pouco tempo depois morreu, deixando a fazenda para ela e para a filha Suely. As duas passaram a se entender melhor e cada uma ficou com o dinheiro resultante da venda da fazenda em Angicos.

Suely se formou em enfermagem e Ingrid estava se preparando para entrar na faculdade onde iria estudar medicina.

Aí eu perguntei a Maria em quem ela se espelhava.

– Maria boa.

 

 

Jaécio Carlos –  Produtor e apresentador dos programas Café da Tarde e Tribuna Livre, para Youtube.

As opiniões emitidas nos artigos/crônicas são de responsabilidade dos colaboradores
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