Desde pequena, Luna Katariru, da etnia Manchineri, conhece a história da luta indígena. Aos 7 anos, ela explica para crianças não indígenas, em Brasília, a importância dos povos originários.
“Quando começou o Brasil, os indígenas moravam aqui. Não existia ninguém que não era indígena”, diz Luna.
Para aproximar crianças indígenas e não indígenas, o Acampamento Terra Livre (ATL), que termina nesta sexta-feira (26) e reúne representantes dos povos originários de todo Brasil, criou um espaço de troca de conhecimento e atividades lúdicas. O trabalho da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab) foi pensado para atender filhos dos indígenas que estão na capital federal para defender o direito às terras, mas crianças não indígenas também foram convidadas a participar.
“A gente também pensou ‘por que não trazer um pouco do movimento indígena, da história do movimento pra essas crianças? Pra que elas possam, desde pequenas, conhecer a luta dos seus pais e avós, e os direitos dos povos indígenas'”, conta Toya Manchineri, da Coiab.
As crianças participaram de atividades educativas, aprenderam sobre a importância da luta pelos direitos dos povos originários e também puderam conhecer um pouco da cultura dos 180 povos presentes no acampamento. Por meio da pintura, os meninos e meninas descobriram, por exemplo, o que representa a cobra para os indígenas.
“O rabo da cobra representa a força dos povos indígenas. O corpo da cobra marca a nossa luta. A cabeça representa que permanecemos atentos e vigilantes. Nós éramos muitos, de várias cores, várias línguas, e percorremos uma luta de enfrentamento contra a dizimação dos povos, esse é o caminho representado pela cobra”, conta Angela Amanakwa Kaxuyana.
Além de receber crianças não indígenas no acampamento, os pequenos indígenas também estiveram em escolas do Distrito Federal para conhecer a rotina deles. Para a gerente da Formação Pedagógica do Centro Amazônico de Formação Indígena, Gracinha Machineri, a interação entre crianças indígenas e não indígenas é uma das formas de evitar a perpetuação das violências enfrentadas geração após geração.
“São as futuras gerações que herdarão nossas lutas, e essa aproximação gera também identificação, admiração, respeito e, principalmente, a solidariedade humana futura para um outro bem viver”, diz Gracinha Machineri.
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