Eugenio Bezerra Cavalcanti Filho

Tenho acompanhado pelo blog Ponto de Vista, com surpresa e preocupação, as variadas notícias sobre esse surto de violência que vem atingindo, e já há algum tempo, nossa outrora pacata e ordeira Natal. Vão se sucedendo casos de arrastões em restaurantes, assaltos a pedestres e a ciclistas na Via Costeira, arrombamentos de residências e estabelecimentos comerciais, furtos de veículos, latrocínios na praia de Ponta Negra, incêndios propositais em ônibus; além de uma onda de assassinatos nunca vista antes na capital potiguar.

Isso tudo causa enorme receio, eu diria até temor excessivo, aos habitantes todos, que se sentem inseguros e impotentes ante tal situação. A quem apelar, para que haja o almejado retorno à normalidade que deixou de existir? Parece que os poderes constituídos não dispõem daquelas condições, necessárias e suficientes, para conter essas ações danosas e criminosas. O que há muito vem sendo noticiado e cobrado em variadas mídias. A ausência de segurança é o tema que ocupa maior espaço nos veículos de comunicação, cotidianamente.

E essas ocorrências desagradáveis e indesejadas me fazem recordar, com saudade, os tempos da minha infância e adolescência, quando a cidade em que nasci era mesmo tranquila e segura. Lembro bem que, morando na av. Deodoro, quase em frente ao Cine Rio Grande (bem perto de uma estreita rua transversal, a Cel. Cascudo), minha mãe fazia a pé o trajeto entre nossa casa e a Igreja Presbiteriana na av. Junqueira Ayres (hoje Câmara Cascudo), para participar dos cultos noturnos das quartas e dos domingos. O percurso seria relativamente longo, e o retorno quase sempre se verificando por volta das 22h. Jamais teria havido, contudo, quaisquer abordagens maliciosas ou tentativas de assaltos. Nem mesmo simples impertinência de algum bêbado eventual.

Cansei de percorrer a pé, na companhia de amigos ou colegas de classe, tarde da noite, as ruas da Cidade Alta, de Petrópolis e do Tirol, ficando às vezes, horas a fio, sentados em bancos de praça, sendo as mais frequentadas a Pedro Velho, a Pio X, ou a Padre João Maria, em divertidas conversas que se estendiam pelas madrugadas. Nada nos importunava! Nem mesmo quando inventávamos fazer serenata, à fachada da casa de alguma beldade que um de nós andaria cortejando.

Bons tempos, aqueles! Até as poucas incursões às casas alegres da velha Ribeira, em noites dos dias de semana ou nas tardes dos sábados, eram livres de riscos. Não havia constância de brigas e arruaças. Lá uma ou outra eventualmente testemunhada era tida como novidade a ser comentada por muito tempo. Era mesmo uma época sem angústias, sem medo, bem diferente do que se vê hoje. Há poucos dias, inclusive, toda a cidade ficou chocada com o bárbaro assassinato da Gisela Mousinho, de maneira fria e covarde, sem nada que pudesse desagravar tal atitude, pois a moça nenhuma ameaça representava para os marginais, que mostraram, destarte, o grau de extrema perversidade a que chegaram.

É de se desejar, então, que neste novo ano os órgãos responsáveis pela segurança pública se empenhem, com mais vigor e denodo, em buscar soluções efetivas para o combate à violência e à criminalidade que grassam na “Cidade do Sol”, porta de entrada para o turismo em todo o estado do Rio Grande do Norte.

Eugenio Bezerra Cavalcanti Filho – Empresário e Escritor 

As opiniões contidas nos artigos são de responsabilidade dos colaboradores
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