VIOLÃO COM DUAS CORDAS SÓ –
Na pequena Potengi, distrito de Piaçabuçu, nas margens do São Francisco, realçam, dentre muitas outras, as fazendas Paraíso, MuSilva e a Ilha das Negras, onde os dias ainda despertam com o canto do galo e o cheiro do café coado na hora, e nos dias de sábado acontece a feira, que se destaca como coração pulsante das redondezas.
Os feirantes, com seus sorrisos largos e vozes marcadas pelo tempo, trocam não só mercadorias, mas histórias, causos e gentilezas, e no vaivém tranquilo da gente simples, aparece o carro de boi, rangendo o tempo, como querendo lembrar que a pressa é invenção dos que esqueceram de viver.
Mas naquela jornada, não foi o aroma do milho assado, o passo compassado dos bois, nem a algazarra da garotada correndo nas margens do rio, ou o tilintar das moedas na barraca do pastel que chamou minha atenção, porém algo mais singelo, até poético, foi a presença de um jovem, ainda menino, sentado à sombra de um cajueiro, com velho violão no colo, desses que o tempo já não trata com delicadeza.
Das seis cordas que um dia teve, restavam apenas duas, ainda assim, dele saía música. Não era a técnica que impressionava, mas a alma, como se cada nota, extraída com esforço e ternura, carregasse o poder de transformar o que era imprestável em arte.
Mas o violão era apenas metade do encanto, pois a outra banda estava em sua voz firme, bonita, que flutuava pelo ar como brisa leve, alcançando ouvidos distraídos e corações atentos, interpretando canções com sentimento de gente grande, e a doçura de quem ainda descobre o mundo, cantando como quem acredita, como quem agradece.
Observei aquela ainda quase criança, e sua orquestra reduzida, dois dedos de som e um mundo de esperança, e me dei conta de que ali, bem diante de mim, acontecia um milagre silencioso: o prodígio da criatividade, da alegria que brota do pouco, da beleza que floresce mesmo quando tudo parece escasso.
Enquanto tantos esperam pelas condições ideais para criar, aquele rapazinho mostrava que bastam duas cordas, coração cheio de vontade para fazer a alma de qualquer ambiente sorrir.
Alberto Rostand Lanverly – Amigo de Marcos Bernardes de Mello
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