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Uruguai é referência em educação digital para a região; entenda o que deu certo

O Uruguai se tornou um exemplo na América Latina na aplicação da tecnologia na educação. O país vizinho incorporou o ensino digital ao currículo escolar, garantindo a distribuição de dispositivos, a capacitação de professores e a manutenção constante dos equipamentos.

Desde o ensino infantil até o técnico, o uso de laptops em sala de aula é uma realidade. O modelo é coordenado pelo Ceibal (Conectividade Educativa de Informática Básica para o Aprendizado On-line), uma agência independente criada no início dos anos 2000 para combater a exclusão digital, principalmente entre famílias de baixa renda.

A autonomia do Ceibal em relação ao governo permitiu maior agilidade na adaptação às mudanças tecnológicas. Segundo um relatório do Banco Mundial, esse fator foi essencial para a evolução da educação digital no país.

Desde os anos iniciais, a inclusão digital de 100% dos alunos foi considerada essencial para transformar a educação do país. Na perspectiva do projeto, cada um precisa ter o seu dispositivo eletrônico.

Tecnologia para equidade

Para o presidente do Ceibal, Leandro Folgar, a tecnologia não é um fim em si mesma, mas uma ferramenta para garantir maior equidade educacional. No modelo uruguaio, cada aluno deve ter seu próprio dispositivo eletrônico.

Até dezembro de 2023, quase 3 milhões de laptops e tablets foram distribuídos a alunos e professores do ensino fundamental e médio.

Quase 3 mil escolas possuem acesso a Wi-Fi e internet de alta velocidade.

Capacitação de professores

Além de fornecer equipamentos, o Uruguai investiu na formação de professores para garantir o uso pedagógico da tecnologia.

“As tecnologias digitais bem utilizadas aumentam a capacidade de aprendizagem, de interação e de acompanhamento, mas sem intencionalidade, elas não mudam nada e às vezes até complicam a aprendizagem”, explica Folgar.

A capacitação docente começou junto com a distribuição dos dispositivos e segue em andamento. Cursos online e presenciais ajudam a garantir a adaptação constante dos professores às novas ferramentas.

Manutenção dos dispositivos

Para evitar que alunos fiquem sem acesso ao material digital, o Ceibal criou uma rede de suporte técnico em todo o país.

“São crianças…! Se adultos quebram celular, imagina crianças! Quando se entrega, tem que prever como reparar”, diz Fiorella Haim, gerente-geral do Ceibal.

Hoje, 80% dos dispositivos danificados são reparados em menos de três dias.

Conteúdos digitais e inteligência artificial

Além dos dispositivos, o sistema Ceibal investiu em plataformas digitais para personalizar o ensino e oferecer suporte aos alunos.

Matific: plataforma “gameficada” (em forma de jogo) que ensina matemática de forma interativa.

Biblioteca País: acervo digital com mais de 10 mil livros e materiais educativos. Já foram registrados mais de 467 mil acessos.

Ceibal em inglês: programa de ensino de inglês com videoconferências e atividades digitais.

O Brasil pode adotar esse modelo?

O Uruguai e o Chile lideram os rankings de desempenho educacional da América Latina, segundo o Pisa (Programa Internacional de Avaliação de Estudantes). O Brasil ainda está abaixo da média da OCDE e ocupa a 7ª posição na região.

Pontuação média no Pisa 2022

  • Média OCDE: Matemática (472), Leitura (476), Ciências (485)
  • Chile: Matemática (412), Leitura (448), Ciências (444)
  • Uruguai: Matemática (409), Leitura (430), Ciências (435)
  • Brasil: Matemática (379), Leitura (410), Ciências (403)

 

Para Andrea Bergamaschi, especialista em educação do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), o modelo uruguaio pode servir de inspiração, mas há desafios para a implementação no Brasil.

“No Uruguai, as decisões educacionais são tomadas nacionalmente, enquanto no Brasil há uma divisão entre níveis federal, estadual e municipal”, explica.

Segundo ela, o Brasil precisa colocar a transformação digital no centro da política educacional, garantindo não apenas a compra de equipamentos, mas também a formação contínua de professores, manutenção de dispositivos e uma mudança curricular alinhada à tecnologia.

“Aqui no Uruguai, eles não só entregam equipamento. Eles acompanham, treinam professores e fazem visitas às escolas. Há prioridade.”

Fonte: G1

Ponto de Vista

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