UM ELEFANTE SE BALANÇAVA NUMA TEIA DE ARANHA – Ana Luíza Rabelo Spencer

UM ELEFANTE SE BALANÇAVA NUMA TEIA DE ARANHA… –

…quando ele viu que sustentava, foi chamar um camarada. Uma música infantil, feita para agradar a simplicidade das crianças, mas que traz consigo uma gritante analogia com uma das maiores necessidades de um adulto: a Confiança.

Nós nos aventuramos vida afora, colocando um pé depois do outro, com insegurança e medo. Com cautela e desejosos de avançar um pouco mais. O que nos faz seguir sempre em frente é a confiança. O elefante, assim como cada um de nós, espera para verificar a sustentabilidade da teia da vida antes de chamar um camarada.

A teia de aranha, que apesar de parecer tênue tem o poder de nos sustentar nos mais difíceis momentos, é a confiança. É a crença que depositamos em nossos camaradas e a crença que construímos ao nosso redor, a nossa credibilidade, que admite que a vida em sociedade funcione. Nós procuramos, sempre, nos cercar de pessoas nas quais possamos confiar, de modo que aquele que não transmite tal sensação tende a permanecer solitário. Além do mais, é um hábito já arraigado julgar o caráter e as reações alheias pelas próprias, então quem age em desacordo com o bom caráter acredita que todos pensam igual e não confia em ninguém.

Confiar e passar confiança são elos da corrente que guia o bem viver, e sua importância, muitas vezes, ultrapassa o âmbito social e invade o nosso espaço pessoal. Algumas vezes, quando tudo na vida parece estar contra nós, quando as situações se mostram difíceis e a sensação de sufocamento ameaça roubar nossa paz, eis que chega alguém e demonstra confiança, imprimindo uma sensação, quase palpável, de esperança e de certeza de que tudo vai ficar bem e “voltar ao normal”.

Por tantos motivos, não é útil pôr em xeque a confiança. Testá-la através de pequenas (ou grandes) mentiras é uma atitude infantil, semelhante a medir o amor pelas provas que dele damos. Ao romper a fina teia, a pessoa perde o chão, tal e qual um trapezista que pratica uma nova modalidade de salto mortal sem rede de segurança. Após rompido, aquele sentimento morre e apenas através de muita maturidade, convivência e perdão é que se pode fazer nascer uma nova confiança, mais frágil ainda que a anterior.

Gestos temerários como colocar a mão no fogo ou entregar-se de corpo e alma são lugares-comuns no mundo onde reina a confiança, mas seus habitantes têm diminuído na mesma proporção em que crescem os desvios de caráter. Se antes a palavra do homem era escrita na pedra, hoje é feita de fumaça em plena ventania, e cada um de nós é responsável por isto. Apenas mudando nossa própria atitude, dia a dia, fio por fio, seremos capazes de ensinar e aprender ao mesmo tempo em que mudamos nossa vida e o futuro do planeta.

 

 

Ana Luíza Rabelo Spenceradvogada (rabelospencer@ymail.com)

As opiniões contidas nos artigos/crônicas são de responsabilidade dos colaboradores
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